21. º Domingo do tempo comum – 27
Agosto 2017
“PARA VOCÊS, QUEM SOU EU?”
A pergunta de Jesus força os discípulos a fazer uma revisão de tudo o que
ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é Jesus. Os
discípulos, porém, que acompanham e vêem tudo o que Jesus tem feito, reconhecem
agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A acção messiânica de Jesus
consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido
entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade injusta,
onde há ricos à custa de pobres e poderosos à custa de fracos. Por isso, essa
sociedade vai matar Jesus, antes que ele a destrua. Mas os discípulos imaginam
um messias glorioso e triunfante. Pedro é estabelecido como o fundamento da
comunidade que Jesus está a organizar e que deverá continuar no futuro. Jesus
concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de
ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. Para que Pedro possa exercer
tal função, a condição fundamental é a de ele admitir que Jesus não é messias
triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das
autoridades do seu tempo. Caso contrário, ele deixa de ser Pedro para ser
Satanás. Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios
que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se
baseiam as autoridades religiosas do seu tempo. O testemunho das palavras e dos
gestos de Jesus faziam com que as pessoas fossem formando uma imagem dele. Há
muitos séculos, o povo de Israel nutria a esperança da chegada do Messias de
Deus. E identificava-o de muitas maneiras. Várias imagens eram projectadas em Jesus,
que acabava por ser confundido com elas. Quem havia conhecido o testemunho
fulgurante de João Baptista, pensava que Jesus fosse a reencarnação do Baptista.
Outros projectavam nele a figura de Elias cuja volta era esperada no fim dos
tempos, em conformidade com a profecia de Malaquias. De acordo com outra
tradição, ele seria uma espécie de reencarnação do profeta Jeremias que
desaparecera no Egipto, sem deixar traços, dando margem para especulações. As
opiniões do povo interessavam a Jesus. Era preciso ajudá-lo a corrigir as
imagens deturpadas sobre ele, para não virem a decepcionar-se. Entretanto, o
interesse do Mestre era principalmente saber que imagem os discípulos faziam
dele e da sua missão. Daí a pergunta: “Para vocês, quem sou eu?”. Quando
recebessem a missão de apóstolos, teriam a obrigação de transmitir uma imagem
verdadeira de Jesus. Seria desastroso se pregassem uma falsa imagem e levassem
o povo a nutrir esperanças enganosas a respeito dele. Por conseguinte, em
primeiro lugar, precisavam ter um conhecimento correcto de Jesus, antes de
torná-lo conhecido. Nesta narrativa, presente nos três evangelhos sinópticos,
está em questão a identidade de Jesus. Dois títulos se confrontam: Filho do
Homem e Cristo. Jesus, com frequência, identifica-se como o “Filho do Homem”.
Por outro lado, os discípulos originários do judaísmo identificam Jesus como o “Cristo”.
O “Filho do Homem” é uma expressão que aparece quase uma centena de vezes no
profeta Ezequiel, exprimindo a condição humana comum e frágil de alguém que coloca
toda sua confiança em Deus. “Cristo”, que é sinónimo de messias ou ungido, é um
título aplicado abundantemente a David, ou a um seu descendente, no Antigo
Testamento, estando associado à ideia de um chefe poderoso e dominador. A
seguir à “profissão de fé” de Pedro, vem o anúncio da Paixão, no qual Jesus se
revela frágil e vulnerável à violência dos opressores, descartando qualquer
disputa de poder. E, ainda ligado ao mesmo tema, seguem-se as condições para
seguir Jesus: renunciar aos projectos de glória deste mundo, consagrando sua
vida ao serviço dos oprimidos e excluídos numa comunhão de amor que é a
comunhão com Jesus e o Pai.
MISSA
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ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 85, 1-3
Inclinai o
vosso ouvido e atendei-me, Senhor,
salvai o
vosso servo, que em vós confia.
Tende
compaixão de mim, Senhor,
que a Vós
clamo o dia inteiro.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor
Deus,
que unis
os corações dos fiéis num único desejo, fazei que o vosso povo ame o que
mandais e espere o que prometeis, para que, no meio da instabilidade deste
mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias.
Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
LEITURA I – Is 22, 19-23
“Porei aos seus ombros a
chave da casa de David”
AAs chaves são o sinal do poder,
como se pode ver já nesta leitura do Antigo Testamento. Assim, ela prepara-nos
para compreendermos a linguagem de Jesus no Evangelho. Mas já aqui, a maneira
como o profeta fala do administrador do palácio real faz entrever Alguém que é
mais do que ele, e que terá o poder de abrir e fechar a Casa de David, Casa
esta que é, em última análise, o próprio Jesus, e o seu Corpo que é a Igreja.
Ele é a chave que abre, e a Porta, por onde se pode entrar, e a Casa que Deus
prometeu construir a David.
Leitura do Livro de Isaías
“Eis o que diz o Senhor a
Chebna, administrador do palácio: «Vou expulsar-te do teu cargo, remover-te do
teu posto. E nesse mesmo dia chamarei o meu servo Eliacim, filho de Elcias.
Hei-de revesti-lo com a tua túnica, hei-de pôr-lhe à cintura a tua faixa,
entregar-lhe nas mãos os teus poderes. E ele será um pai para os habitantes de
Jerusalém e para a casa de Judá. Porei aos seus ombros a chave da casa de
David: há-de abrir, sem que ninguém possa fechar; há-de fechar, sem que ninguém
possa abrir. Fixá-lo-ei como uma estaca em lugar firme e ele será um trono de
glória para a casa de seu pai».”
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 137 (138),
1-2a.2bc-3.6. 8bc
Refrão: Senhor, a vossa misericórdia é eterna:
não
abandoneis a obra das vossas mãos. (Repete-se)
Ou: Pela vossa misericórdia, não nos abandoneis, Senhor. Repete-se (Repete-se)
De todo o coração,
Senhor, eu Vos dou graças
porque ouvistes as
palavras da minha boca.
Na presença dos
Anjos Vos hei-de cantar
e Vos adorarei,
voltado para o vosso templo santo. (Refrão)
Hei-de louvar o
vosso nome
pela vossa bondade
e fidelidade,
porque exaltastes
acima de tudo o vosso nome
e a vossa promessa.
Quando Vos
invoquei, me respondestes,
aumentastes a
fortaleza da minha alma. (Refrão)
O Senhor é excelso
e olha para o humilde,
ao soberbo
conhece-o de longe.
Senhor, a vossa
bondade é eterna,
não abandoneis a
obra das vossas mãos. (Refrão)
LEITURA II – Rom 11, 33-36
“D’Ele,
por Ele e para Ele são todas as coisas”
No fim de ter exposto o mistério
da salvação e particularmente o que pensa sobre os destinos do povo de Israel,
S. Paulo conclui com este hino à sabedoria de Deus.
Leitura da Epístola do apóstolo
São Paulo aos Romanos
“Como é profunda a riqueza, a
sabedoria e a ciência de Deus! Como são insondáveis os seus desígnios e
incompreensíveis os seus caminhos! Quem conheceu o pensamento do Senhor? Quem
foi o seu conselheiro? Quem Lhe deu primeiro, para que tenha de receber
retribuição? D’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória a Deus para
sempre. Amen.”
Palavra do Senhor
ALELUIA – Mt 16, 18
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Tu és Pedro, e
sobre esta pedra
edificarei a minha
Igreja
e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela. (Refrão)
EVANGELHO – Mt 16, 13-20
“Tu
és Pedro e dar-te-ei as chaves do reino dos Céus”
A missão da Igreja, e, na
Igreja, a dos Apóstolos, é a mesma missão de Jesus: restabelecer a Aliança
entre Deus e os homens, ligar e desligar, tornar presente entre os homens de
todos os tempos e lugares a missão salvadora de Cristo. Assim, já na terra,
eles encontrarão as chaves do reino dos Céus.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, Jesus foi para
os lados de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os
homens que é o Filho do homem?». Eles responderam: «Uns dizem que é João
Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas».
Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Então, Simão Pedro tomou a
palavra e disse: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». Jesus respondeu-lhe: «Feliz
de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to
revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus. Também Eu te digo: Tu és Pedro;
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que
ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será
desligado nos Céus». Então, Jesus ordenou aos discípulos que não dissessem a
ninguém que Ele era o Messias.”
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que pelo único sacrifício da cruz,
formastes para Vós um povo de adopção filial,
concedei à vossa Igreja o dom da unidade e da
paz.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 103, 13-15
Encheis a
terra, Senhor, com o fruto das vossas obras.
Da terra
fazeis brotar o pão e o vinho que alegra
o coração
do homem.
Ou Jo 6, 55
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna, diz o Senhor,
e Eu o ressuscitarei no último dia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Realizai
plenamente em nós, Senhor,
a acção
redentora da vossa misericórdia
e
fazei-nos tão generosos e fortes
que
possamos agradar-Vos em toda a nossa vida.
Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
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