18. º Domingo do tempo comum – 06
Agosto 2017
“O risco da
Fé”
Revelar-nos ao outro é um acto de confiança, porque lhe dá poder para
intervir sobre nós; e partilhar a mesma vida como acontece na amizade, no matrimónio;
é deixar que seja envolvida toda nossa existência.
Um homem deixa a
sua terra
A vocação de Abraão é um exemplo eficaz de resposta à proposta de Deus:
por isso ele é chamado o nosso pai na fé.
Com Abraão, Deus retoma a iniciativa do diálogo: faz as suas propostas em
termos acessíveis a esse homem, mas com uma exigência de totalidade. A resposta
de Abraão difere inteiramente do pecado de Adão: um distancia-se, o outro aproxima-se;
um quer possuir a terra, outro desapega-se; um desconfia da palavra de Deus,
outro tem fé nas suas promessas e troca a segurança do enraizamento numa terra,
de uma família, dos próprios deuses, pelo risco generoso em seguir o Deus que
chama para uma terra “que lhe será indicada mais tarde”. Da parte de Deus, a “maldição”
destinada ao homem pecador muda-se num anúncio de “bênção” aberta a todas as
nações.
Os cristãos são chamados por uma vocação santa a seguir Cristo na sua
vida de obediência a Deus, com a qual “venceu a morte e faz resplandecer a vida
e a imortalidade por meio do evangelho”. O “Filho bem-amado” torna os baptizados
semelhantes a si, associando ao seu destino de sofrimento e de glória os que
ouvem com fé a sua palavra.
Ainda hoje é proposto a todos os homens, a todo grupo eclesial, partir da
sua terra e seguir a palavra que os guia, iluminando-os com a promessa – que em
Cristo já é realidade – da “bênção” como plenitude de bens. Mas nada é
definitivo na sua origem; quanto aos pormenores, é preciso ter criatividade,
humildade, coragem, aceitar os sofrimentos, para encontrar, enfim, a luz e o
repouso.
Parêntesis de
luz
O abandono das certezas, das seguranças jamais é total. Permanece sempre,
no fundo, a lembrança e a saudade da terra em que se habitava. Nos apóstolos
chamados a seguir a Cristo permanece a interrogação de quem seria realmente
aquele a quem ouviram e por quem abandonaram a sua terra. A sua vida oculta, o seu
messianismo tão diferente do que esperavam deixam algo de duvidoso. Jesus toma
a iniciativa e manifesta-se sob outra forma que revela o seu verdadeiro ser, a sua
majestade divina: concede aos apóstolos contemplar o fim que o espera. Assim,
os discípulos podem ver que o Servo repelido e incompreendido é o Filho do
homem descrito por Daniel. A condição humana, frágil e oculta, é apenas um
tempo de passagem, um parêntesis. Com essa antecipação da glória de que se revestirá
no momento da ressurreição, a fé dos discípulos deveria sair reanimada,
confirmada.
Ignoramos o que
será a “cidade” futura
Os futurólogos dão-nos imagens de um mundo que se assemelha a uma “cidade”
cujo crescimento demográfico é rápido, as cidades aumentam e absorvem os
povoados vizinhos. Caminhamos para “a unicidade”, para um novo mundo-cidade.
Mas, que forma deve assumir, em que se deve ela tornar para não ser um formigueiro
uniforme? A nossa liberdade de construir está realmente em condições de
construir?
Quando se propõe o problema da realização futura, as trevas caem sobre
nós. Estamos diante de um devir que é muito mais obscuro do que se pode pensar;
a nossa fé vacila. A nossa fé não nos diz nada mais do que isto: para adoptar
as opções que nos permitam obter sucesso é necessário abrangermos os dois
extremos da história e podermos concentrar num instante o passado e o futuro.
Esse é o risco que a fé comporta. O cristão que recebeu o baptismo decide viver
nesse risco. Sente a obscuridade que pesa sobre todos os homens na construção
do presente, e não se assusta, não tem medo porque vê a meta, o Cristo
transfigurado e, em Abraão, um modelo a seguir.
MISSA
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ANTÍFONA DE ENTRADA – Mt 17, 5
O Espírito Santo apareceu numa nuvem luminosa
e ouviu-se a voz do Pai:
Este é o meu Filho muito amado, no qual pus
as minhas complacências.
Escutai-O.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Deus
eterno e omnipotente, que na gloriosa transfiguração do vosso Filho Unigénito confirmastes
os mistérios da fé com o testemunho da Lei e dos Profetas e de modo admirável
anunciastes a adopção filial perfeita, fazei que, escutando a palavra do vosso
amado Filho, mereçamos participar na sua glória.
Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
LEITURA I – Dan 7, 9-10.13-14
“As suas vestes eram brancas
como a neve”
Leitura da Profecia de Daniel
“Estava eu a olhar, quando
foram colocados tronos e um Ancião sentou-se. As suas vestes eram brancas como
a neve e os cabelos como a lã pura. O seu trono eram chamas de fogo, com rodas
de lume vivo. Um rio de fogo corria, irrompendo diante dele. Milhares de
milhares o serviam e miríades de miríades o assistiam.
O tribunal abriu a sessão e os
livros foram abertos. Contemplava eu as visões da noite, quando, sobre as
nuvens do céu, veio alguém semelhante a um filho do homem. Dirigiu-Se para o
Ancião venerável e conduziram-no à sua presença.
Foi-lhe entregue o poder, a
honra e a realeza, e todos os povos e nações O serviram. O seu poder é eterno,
que nunca passará, e o seu reino jamais será destruído.”
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 96 (97), 1-2.5-6.9
e 12 (R. 1a.9a)
Refrão: O Senhor é rei, o Altíssimo sobre toda a terra. (Repete-se)
O Senhor é rei:
exulte a terra,
rejubile a multidão
das ilhas.
Ao seu redor,
nuvens e trevas;
a justiça e o
direito são a base do seu trono. (Refrão)
Derretem-se os
montes como cera
diante do senhor de
toda a terra.
Os céus proclamam a
sua justiça
e todos os povos
contemplam a sua glória. (Refrão)
Vós, Senhor, sois o
Altíssimo sobre toda a terra,
estais acima de
todos os deuses.
Alegrai-vos, ó
justos, no Senhor
e louvai o seu nome
santo. (Refrão)
LEITURA II – 2 Pedro 1, 16-19
“Ouvimos
esta voz vinda do céu”
Leitura da Segunda Epístola de
São Pedro
“Caríssimos:
Não foi seguindo fábulas
ilusórias que vos fizemos conhecer o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus
Cristo, mas por termos sido testemunhas oculares da sua majestade.
Porque Ele recebeu de Deus Pai
honra e glória, quando da sublime glória de Deus veio esta voz:
«Este é o meu Filho muito
amado, em quem pus toda a minha complacência».
Nós ouvimos esta voz vinda do
céu, quando estávamos com Ele no monte santo. Assim temos bem confirmada a
palavra dos Profetas, à qual fazeis bem em prestar atenção, como a uma lâmpada
que brilha em lugar escuro, até que desponte o dia e nasça em vossos corações a
estrela da manhã.”
Palavra do Senhor
ALELUIA – Mt 17, 5c
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Este é o meu Filho
muito amado,
no qual pus toda a
minha complacência.
Escutai-O. (Refrão)
EVANGELHO – Mt 17, 1-9
“O
seu rosto ficou resplandecente como o sol”
Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, Jesus tomou
consigo Pedro, Tiago e João seu irmão e levou-os, em particular, a um alto
monte e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o
sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E apareceram Moisés e
Elias a falar com Ele.
Pedro disse a Jesus: «Senhor,
como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti,
outra para Moisés e outra para Elias».
Ainda ele falava, quando uma
nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e da nuvem uma voz dizia:
«Este é o meu Filho muito
amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O».
Ao ouvirem estas palavras, os
discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito.
Então Jesus aproximou-se e,
tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais».
Erguendo os olhos, eles não
viram mais ninguém, senão Jesus.
Ao descerem do monte, Jesus
deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem
ressuscitar dos mortos».”
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Santificai, Senhor, estes dons pelo mistério
da transfiguração do vosso Filho e com o esplendor da sua glória purificai-nos
das manchas do pecado.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO – 1 Jo 3, 2
Quando
Cristo Se manifestar,
seremos
semelhantes a Ele,
porque O
veremos na sua glória.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
O alimento celeste
que recebemos, Senhor, nos transforme em imagem de Cristo, que no mistério da
transfiguração manifestastes cheio de esplendor e de glória.
Ele que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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