sábado, 5 de agosto de 2017

O SEU ROSTO FICOU RESPLANDECENTE COMO O SOL




18. º Domingo do tempo comum – 06 Agosto 2017


O risco da Fé

Revelar-nos ao outro é um acto de confiança, porque lhe dá poder para intervir sobre nós; e partilhar a mesma vida como acontece na amizade, no matrimónio; é deixar que seja envolvida toda nossa existência.

Um homem deixa a sua terra
A vocação de Abraão é um exemplo eficaz de resposta à proposta de Deus: por isso ele é chamado o nosso pai na fé.
Com Abraão, Deus retoma a iniciativa do diálogo: faz as suas propostas em termos acessíveis a esse homem, mas com uma exigência de totalidade. A resposta de Abraão difere inteiramente do pecado de Adão: um distancia-se, o outro aproxima-se; um quer possuir a terra, outro desapega-se; um desconfia da palavra de Deus, outro tem fé nas suas promessas e troca a segurança do enraizamento numa terra, de uma família, dos próprios deuses, pelo risco generoso em seguir o Deus que chama para uma terra “que lhe será indicada mais tarde”. Da parte de Deus, a “maldição” destinada ao homem pecador muda-se num anúncio de “bênção” aberta a todas as nações.
Os cristãos são chamados por uma vocação santa a seguir Cristo na sua vida de obediência a Deus, com a qual “venceu a morte e faz resplandecer a vida e a imortalidade por meio do evangelho”. O “Filho bem-amado” torna os baptizados semelhantes a si, associando ao seu destino de sofrimento e de glória os que ouvem com fé a sua palavra.
Ainda hoje é proposto a todos os homens, a todo grupo eclesial, partir da sua terra e seguir a palavra que os guia, iluminando-os com a promessa – que em Cristo já é realidade – da “bênção” como plenitude de bens. Mas nada é definitivo na sua origem; quanto aos pormenores, é preciso ter criatividade, humildade, coragem, aceitar os sofrimentos, para encontrar, enfim, a luz e o repouso.

Parêntesis de luz
O abandono das certezas, das seguranças jamais é total. Permanece sempre, no fundo, a lembrança e a saudade da terra em que se habitava. Nos apóstolos chamados a seguir a Cristo permanece a interrogação de quem seria realmente aquele a quem ouviram e por quem abandonaram a sua terra. A sua vida oculta, o seu messianismo tão diferente do que esperavam deixam algo de duvidoso. Jesus toma a iniciativa e manifesta-se sob outra forma que revela o seu verdadeiro ser, a sua majestade divina: concede aos apóstolos contemplar o fim que o espera. Assim, os discípulos podem ver que o Servo repelido e incompreendido é o Filho do homem descrito por Daniel. A condição humana, frágil e oculta, é apenas um tempo de passagem, um parêntesis. Com essa antecipação da glória de que se revestirá no momento da ressurreição, a fé dos discípulos deveria sair reanimada, confirmada.

Ignoramos o que será a “cidade” futura
Os futurólogos dão-nos imagens de um mundo que se assemelha a uma “cidade” cujo crescimento demográfico é rápido, as cidades aumentam e absorvem os povoados vizinhos. Caminhamos para “a unicidade”, para um novo mundo-cidade. Mas, que forma deve assumir, em que se deve ela tornar para não ser um formigueiro uniforme? A nossa liberdade de construir está realmente em condições de construir?
Quando se propõe o problema da realização futura, as trevas caem sobre nós. Estamos diante de um devir que é muito mais obscuro do que se pode pensar; a nossa fé vacila. A nossa fé não nos diz nada mais do que isto: para adoptar as opções que nos permitam obter sucesso é necessário abrangermos os dois extremos da história e podermos concentrar num instante o passado e o futuro. Esse é o risco que a fé comporta. O cristão que recebeu o baptismo decide viver nesse risco. Sente a obscuridade que pesa sobre todos os homens na construção do presente, e não se assusta, não tem medo porque vê a meta, o Cristo transfigurado e, em Abraão, um modelo a seguir.



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Mt 17, 5
O Espírito Santo apareceu numa nuvem luminosa e ouviu-se a voz do Pai:
Este é o meu Filho muito amado, no qual pus as minhas complacências.
Escutai-O.

Diz-se o Glória.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que na gloriosa transfiguração do vosso Filho Unigénito confirmastes os mistérios da fé com o testemunho da Lei e dos Profetas e de modo admirável anunciastes a adopção filial perfeita, fazei que, escutando a palavra do vosso amado Filho, mereçamos participar na sua glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Dan 7, 9-10.13-14

As suas vestes eram brancas como a neve


Leitura da Profecia de Daniel
“Estava eu a olhar, quando foram colocados tronos e um Ancião sentou-se. As suas vestes eram brancas como a neve e os cabelos como a lã pura. O seu trono eram chamas de fogo, com rodas de lume vivo. Um rio de fogo corria, irrompendo diante dele. Milhares de milhares o serviam e miríades de miríades o assistiam.
O tribunal abriu a sessão e os livros foram abertos. Contemplava eu as visões da noite, quando, sobre as nuvens do céu, veio alguém semelhante a um filho do homem. Dirigiu-Se para o Ancião venerável e conduziram-no à sua presença.
Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza, e todos os povos e nações O serviram. O seu poder é eterno, que nunca passará, e o seu reino jamais será destruído.”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 96 (97), 1-2.5-6.9 e 12 (R. 1a.9a)
Refrão: O Senhor é rei, o Altíssimo sobre toda a terra. (Repete-se)

O Senhor é rei: exulte a terra,
rejubile a multidão das ilhas.
Ao seu redor, nuvens e trevas;
a justiça e o direito são a base do seu trono. (Refrão)

Derretem-se os montes como cera
diante do senhor de toda a terra.
Os céus proclamam a sua justiça
e todos os povos contemplam a sua glória. (Refrão)

Vós, Senhor, sois o Altíssimo sobre toda a terra,
estais acima de todos os deuses.
Alegrai-vos, ó justos, no Senhor
e louvai o seu nome santo. (Refrão)


LEITURA II – 2 Pedro 1, 16-19

Ouvimos esta voz vinda do céu



Leitura da Segunda Epístola de São Pedro
“Caríssimos:
Não foi seguindo fábulas ilusórias que vos fizemos conhecer o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas por termos sido testemunhas oculares da sua majestade.
Porque Ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da sublime glória de Deus veio esta voz:
«Este é o meu Filho muito amado, em quem pus toda a minha complacência».
Nós ouvimos esta voz vinda do céu, quando estávamos com Ele no monte santo. Assim temos bem confirmada a palavra dos Profetas, à qual fazeis bem em prestar atenção, como a uma lâmpada que brilha em lugar escuro, até que desponte o dia e nasça em vossos corações a estrela da manhã.”
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 17, 5c
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Este é o meu Filho muito amado,
no qual pus toda a minha complacência.
Escutai-O. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 17, 1-9

O seu rosto ficou resplandecente como o sol




Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João seu irmão e levou-os, em particular, a um alto monte e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele.
Pedro disse a Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias».
Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e da nuvem uma voz dizia:
«Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O».
Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito.
Então Jesus aproximou-se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais».
Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus.
Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Santificai, Senhor, estes dons pelo mistério da transfiguração do vosso Filho e com o esplendor da sua glória purificai-nos das manchas do pecado.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – 1 Jo 3, 2
Quando Cristo Se manifestar,
seremos semelhantes a Ele,
porque O veremos na sua glória.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
O alimento celeste que recebemos, Senhor, nos transforme em imagem de Cristo, que no mistério da transfiguração manifestastes cheio de esplendor e de glória.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


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