sábado, 28 de outubro de 2017

AMARÁS O SENHOR TEU DEUS E O PRÓXIMO COMO A TI MESMO




30.º Domingo do tempo comum – 29 Outubro 2017


ENCONTRO DE DOIS AMORES

Será necessário afastar-se dos homens para encontrar ao Deus? E quem encontrou a Deus ainda poderá voltar aos homens e viver com eles? Interessar-se por eles, trabalhar com eles e para eles? Noutras palavras, são compatíveis o amor de Deus e o amor dos homens, ou, pelo contrário, um exclui o outro, de modo que seja absolutamente necessário fazer uma opção?

Amar o homem para amar a Deus
Nenhuma destas perguntas recebeu de Jesus uma resposta essencial: o primeiro mandamento é amar a Deus e o segundo, que lhe é semelhante, amar os homens. Não se pode, pois, pensar que a entrada de Deus numa consciência provoque a exclusão do homem (evangelho).
Ao contrário, os textos mais seguros da mensagem do Antigo Testamento e de Jesus levam-nos a crer com certeza que o encontro com Deus renova e aperfeiçoa a atenção e a solicitude para com os homens (1ª leitura).
“Quando Deus se revela pessoalmente, ele fá-lo servindo-se das categorias do homem. Assim revela-se Pai, Filho, Espírito de Amor: e revela-se supremamente na humanidade de Jesus Cristo. Por isto, não é demasiada ousadia afirmar que é preciso conhecer o homem para conhecer Deus; é preciso amar o homem para amar a Deus” (rdC 122,b).
Mas, convém aprofundar alguns problemas impostos pelos próprios textos evangélicos. Importa amar os homens, mas importa também acautelar-se em relação ao mundo, saber deixar o pai e a mãe... Como fazer um acordo entre proposições que, à primeira vista, parecem opor-se? Devendo absolutamente escolher entre o homem e Deus, que fazer? O amor dos homens não é uma ameaça ao amor de Deus?
Nunca a Escritura e a tradição cristã permitiram ao cristão desinteressar-se do homem, sob pretexto de interessar-se unicamente por Deus. Nunca deixaram de indicar no serviço do homem um modo de servir a Deus.

Teoria e práxis
A atenção a Deus e a atenção ao homem não são facilmente separáveis. Cultivar a “via interior” é um valor cristão, um valor permanente, como a necessidade de recolhimento. Mas a “vida interior”, quando se é cristão, não é monólogo nem é falar com Deus só. Encontrando Deus na oração, o cristão, mais cedo ou mais tarde, encontra inevitavelmente os homens que Deus cria e quer salvar. Ele não pode deixar de subscrever estas linha de Paulo Ricoerur: “A minha vida interior é a fonte das minhas relações exteriores. Contrariamente à sabedoria meditativa e contemplativa do fim do paganismo grego ou do Oriente, a pregação cristã jamais opôs o ser ao fazer, o interior ao exterior, a teoria à práxis, a oração à vida, a fé às obras. Deus, ao próximo. É sempre no momento em que a comunidade cristã se desfaz ou a fé decai, que se abandona o mundo e as suas responsabilidades, reconstruindo o mito da interioridade. Então, o Cristo já não é reconhecido na pessoa do pobre, do exilado, do prisioneiro”. Todo o teu espírito: eis o grande e primeiro mandamento. Era o texto do Deuteronómio que constituía a essência da oração que os Israelitas rezavam diariamente – o “Shemá” – e que na actual liturgia das horas nós rezamos na oração da noite de Domingo. Mas, Jesus acrescentou: “o segundo mandamento é semelhante a este: amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22, 37-37). E disse ainda: “Desses dois mandamentos decorre toda a lei e os profetas (v 40)”.

Contemplação e acção
O cristão pode afastar-se momentaneamente dos homens, para orar, para pensar só em Deus. Pode fazer uma hora de meditação sem encontrar, expressamente na contemplação de um mistério divino, o pensamento das necessidades dos homens... Isto torna-se mesmo, em certos momentos, uma profunda necessidade. Na vida cristã, como na vida humana em geral, existem normalmente ritmos; passa-se da contemplação à acção e desta à contemplação. Mas, como acontece na nossa existência em que se sucedem tempos de retiro e tempos de intensa actividade, também na Igreja vemos contemplativos e activos. O mistério de Cristo, no seu todo, é vivido na Igreja, no conjunto dos seus membros e em todos os séculos. O contemplativo serve aos homens servindo a Deus; o activo serve a Deus servindo aos homens. Os dois exprimem, especializando-se na limitação do Cristo, um mesmo e único mistério: o da vida religiosa do Verbo encarnado. Assim aconteceu e acontece ainda na história da Igreja. O santo Cura D´Ars suspirava por um convento e pela solidão, enquanto se dedicava inteiramente aos homens; e os conventos deram à Igreja grandes papas, bispos, reformadores e missionários, que passaram da contemplação e da solidão à acção mais perseverante e ininterrupta.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 104, 3-4
Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor.
Buscai o Senhor e o seu poder,
procurai sempre a sua face.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade; e, para merecermos alcançar o que prometeis, fazei-nos amar o que mandais.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Ex 22, 20-26

« Se fizerdes algum mal à viúva e ao órfão, inflamar-se-á a minha ira contra vós»

O amor de Deus concretiza-se logo no amor do próximo. Esta leitura assinala algumas situações particularmente exigentes, onde se há-de tornar concreto este amor do próximo. A primeira expressão do amor ao próximo é a justiça, sem a qual não há caridade. E não se perca de vista que este texto é do Antigo Testamento, ainda anterior ao próprio Evangelho.

Leitura do Livro do Êxodo
Eis o que diz o Senhor: «Não prejudicarás o estrangeiro, nem o oprimirás, porque vós próprios fostes estrangeiros na terra do Egipto. Não maltratarás a viúva nem o órfão. Se lhes fizeres algum mal e eles clamarem por Mim, escutarei o seu clamor; inflamar-se-á a minha indignação e matar-vos-ei ao fio da espada. As vossas mulheres ficarão viúvas, e órfãos os vossos filhos. Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, ao pobre que vive junto de ti, não procederás com ele como um usurário, sobrecarregando-o com juros. Se receberes como penhor a capa do teu próximo, terás de lha devolver até ao pôr do sol, pois é tudo o que ele tem para se cobrir, é o vestuário com que cobre o seu corpo. Com que dormiria ele? Se ele Me invocar, escutá-lo-ei, porque sou misericordioso».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 17 (18), 2-3.7.47.51ab (R. 2)
Refrão: Eu Vos amo, Senhor: sois a minha força. (Repete-se)

Eu Vos amo, Senhor, minha força,
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador.
Meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,
meu protector, minha defesa e meu salvador. (Refrão)

Na minha aflição invoquei o Senhor
e clamei pelo meu Deus.
Do seu templo Ele ouviu a minha voz
e o meu clamor chegou aos seus ouvidos. (Refrão)

Viva o Senhor, bendito seja o meu protector;
exaltado seja Deus, meu salvador.
O Senhor dá ao Rei grandes vitórias
e usa de bondade para com o seu Ungido. (Refrão)


LEITURA II – 1 Tes 1, 5c-10

« Convertestes-vos dos ídolos para servir a Deus e esperar o seu Filho»

Esta leitura é como que um certificado de vida cristã, passado pelo Apóstolo à sua querida comunidade de Tessalónica, e que poderá servir de modelo e estímulo a outras Igrejas. Assim ela sirva ainda hoje para a nossa comunidade.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos: Vós sabeis como procedemos no meio de vós, para vosso bem. Tornastes-vos imitadores nossos e do Senhor, recebendo a palavra no meio de muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo; e assim vos tornastes exemplo para todos os crentes da Macedónia e da Acaia. Porque, partindo de vós, a palavra de Deus ressoou não só na Macedónia e na Acaia, mas em toda a parte se divulgou a vossa fé em Deus, de modo que não precisamos de falar sobre ela. De facto, são eles próprios que relatam o acolhimento que tivemos junto de vós e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro e esperar dos Céus o seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos: Jesus, que nos livrará da ira que há-de vir.
Palavra do Senhor

ALELUIA – Jo 14, 23
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Se alguém Me ama, guardará a minha palavra,
diz o Senhor;
meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada. (Refrão)


EVANGELHO – Mt 22, 34-40

« Amarás o Senhor teu Deus e o próximo como a ti mesmo»

Uma pergunta frontal posta a Jesus, embora com má intenção, foi ocasião para o Senhor afirmar, de maneira solene e inequívoca, a verdadeira hierarquia dos valores à luz de Deus: o mandamento fundamental é o do amor a Deus e ao próximo. Ao ser interrogado sobre qual era o maior mandamento, Jesus acrescenta também qual é o segundo, não fosse julgar-se que, ao pretender amar-se a Deus, se poderia humilhar o próximo, como parece ter sido intenção daquele que O interrogou.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus, reuniram-se em grupo, e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?». Jesus respondeu: «‘Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito’. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai, Senhor, para os dons que Vos apresentamos e fazei que a celebração destes mistérios dê glória ao vosso nome.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 19, 6
Celebramos, Senhor, a vossa salvação
e glorificamos o vosso santo nome.

Ou Ef 5, 2

Cristo amou-nos e deu a vida por nós,
oferecendo-Se em sacrifício agradável a Deus.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que os vossos sacramentos realizem em nós o que significam, para alcançarmos um dia em plenitude o que celebramos nestes santos mistérios.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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