O PERFIL
DE MARIA
Ainda no seio da sua mãe, João Baptista recebe o Espírito
prometido. Reconhece o Messias e o aponta através da exclamação da sua mãe
Isabel. As palavras inspiradas de Isabel, ao encontrar-se com a sua prima Maria
traçam o perfil de quem tinha sido destinada a ser a mãe do Salvador. Maria é a
mulher bendita por excelência. Repousando sobre ela as bênçãos divinas, a sua
vida estava indissociavelmente ligada a Deus. Sem deixar de ser humilde serva, a
sua humanidade revestia-se de um brilho especial. Tornava-se um modelo não
apenas de mulher, mas de ser humano. Maria trazia no seu ventre um fruto santo.
A prole era um dos indicadores seguros da bênção divina. A humilde Virgem de
Nazaré recebera, porém, uma bênção suplementar: a de ser a mãe do Messias. Tudo
isto por estar disposta a ser totalmente fiel a Deus. Maria é mulher de fé.
Aqui reside a sua verdadeira grandeza, pois a maternidade decorre desta sua
virtude. E a sua fé desdobra-se em forma de confiança e entrega disponível nas
mãos de Deus. Porque crê, assume o projecto divino, embora desconhecendo como
irá realizar-se. Joga-se, inteiramente, nas mãos de Deus, certa de não ficar
decepcionada. Maria é a mãe do Senhor de todos os povos. A exclamação de
Isabel: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” revela
as reais dimensões da maternidade de Maria. O Senhor de Isabel é o Senhor do
povo de Israel e Senhor de todos quantos haveriam de crer. Este Senhor de toda
a humanidade estava ali, no ventre de Maria. As narrativas de infância de Jesus
deixam perceber a sua origem humilde, numa casa pobre em Nazaré, longe de
Jerusalém, capital religiosa da Judeia, e de qualquer outra grande cidade onde
se concentram as elites privilegiadas. Por outro lado, no evangelho de Lucas,
os paralelos feitos entre João Baptista e Jesus, desde as suas origens, são
elaborados de maneira a destacar a primazia de Jesus em relação a João Batista.
Na época em que Lucas escreve, o movimento dos discípulos de João Baptista era
expressivo e mantinha-se à parte do movimento dos discípulos de Jesus. Com este
destaque dado a Jesus, procurava-se trazer os discípulos de João para as
comunidades cristãs. Na narrativa de hoje vemos o encontro de duas mulheres:
Maria, esposa de um operário de Nazaré, na Galileia e Isabel, esposa de um
sacerdote do Templo de Jerusalém. Contudo, o critério do status social é
esvaziado. É a jovem mulher pobre da Galileia que é bendita entre as mulheres,
trazendo em seu ventre o Senhor, comunicador do Espírito Santo.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Is 45, 8
Desça o orvalho do alto dos Céus e as nuvens chovam o Justo.
Abra-se a terra e germine o Salvador.
ORAÇÃO COLECTA
Infundi, Senhor, a vossa graça em nossas almas, para que
nós, que pela anunciação do Anjo conhecemos a encarnação de Cristo, vosso
Filho, pela sua paixão e morte na cruz alcancemos a glória da ressurreição.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Miq 5,
1-4a
«De ti sairá
Aquele que há-de reinar sobre Israel»
Completando a
profecia de Isaías sobre o «Emanuel» (Deus connosco), o profeta Miqueias, seu contemporâneo,
anuncia o lugar do nascimento do Messias Salvador e descreve a Sua missão.
Será na cidade
davídica de Belém, cujo sobrenome Efrata exprime a fecundidade messiânica, que
dará à luz Aquela que será a Mãe do Salvador. Aí nascerá o Rei futuro, que será
Pastor do Seu Povo. Com o Seu nascimento, não só trará a Paz, reunindo os
filhos de Deus dispersos, como Ele mesmo será a Paz. O Seu nascimento, com
efeito, significa a presença de Deus no mundo, o fim do afastamento de Deus com
o pecado e a reunificação universal dos irmãos.
Leitura
da Profecia de Miqueias
Eis
o que diz o Senhor: «De ti, Belém-Efratá, pequena entre as cidades de Judá, de
ti sairá aquele que há-de reinar sobre Israel. As suas origens remontam aos
tempos de outrora, aos dias mais antigos. Por isso Deus os abandonará até à
altura em que der à luz aquela que há-de ser mãe. Então voltará para os filhos
de Israel o resto dos seus irmãos. Ele se levantará para apascentar o seu
rebanho pelo poder do Senhor, pelo nome glorioso do Senhor, seu Deus.
Viver-se-á em segurança, porque ele será exaltado até aos confins da terra. Ele
será a paz».
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 79 (80), 2ac.3b.15-16.18-19 (R.4)
Refrão: Senhor nosso
Deus, fazei-nos voltar, mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos. (Repete-se).
Ou: Mostrai-nos, Senhor, o vosso rosto e seremos salvos. (Repete-se)
Pastor de Israel, escutai,
Vós estais sobre os Querubins, aparecei.
Despertai o vosso poder
e vinde em nosso auxílio. Refrão
Deus dos Exércitos, vinde de novo,
olhai dos céus e vede, visitai esta vinha;
protegei a cepa que a vossa mão direita plantou,
o rebento que fortalecestes para Vós. (Refrão)
Estendei a mão sobre o homem que escolhestes,
sobre o filho do homem que para Vós criastes.
Nunca mais nos apartaremos de Vós,
fazei-nos viver e invocaremos o vosso nome. (Refrão)
LEITURA II – Hebr 10, 5-10
«Eu venho
para fazer a vossa vontade»
A entrada de
Jesus no mundo está orientada para o drama da Cruz e o triunfo da Páscoa. O
mistério da Encarnação é inseparável do mistério da Redenção. O esplendor da
Páscoa ilumina já a aurora do Natal.
O Filho de Deus,
preexistente na natureza divina, desde o momento da Sua entrada no mundo pela
Encarnação oferece-Se como vítima. E esta oblação divina e humana santifica e
salva desde esse momento, virtualmente, unida à sua expressão prática na
oblação da Cruz.
Ao assumir a
nossa condição humana, para a salvar, aceita os desígnios de Deus sobre Ele e
ensina-nos a viver a vida como realização quotidiana da Vontade de Deus, na
santificação interior, pela obediência e o amor.
Leitura
da Epístola aos Hebreus
Irmãos:
Ao entrar no mundo, Cristo disse: «Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas
formaste-Me um corpo. Não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo pecado.
Então Eu disse: ‘Eis-Me aqui; no livro sagrado está escrito a meu respeito: Eu
venho, ó Deus, para fazer a tua vontade’». Primeiro disse: «Não quiseste
sacrifícios nem oblações, não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo
pecado». E no entanto, eles são oferecidos segundo a Lei. Depois acrescenta:
«Eis-Me aqui: Eu venho para fazer a tua vontade». Assim aboliu o primeiro culto
para estabelecer o segundo. É em virtude dessa vontade que nós fomos
santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita de uma vez para
sempre.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Mt 1, 38
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Eis a escrava do Senhor:
faça-se em mim segundo a vossa palavra. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 1,
39-45
«Donde me é dado
que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?»
As
intervenções de Deus na História da Salvação são, por vezes, designadas como
«visitas» do Senhor ao Seu povo. A última intervenção de Deus, com a
Encarnação, é também para S. Lucas uma «visita» do Senhor aos Seus (Lc. 1, 68;
7, 16), sendo a família do Precursor a primeira a participar dela e a
beneficiar.
Maria
aparece intimamente unida a esta «visita» do Senhor ao Seu povo. Ela é, na
verdade, a morada de Deus entre os homens, a nova Arca da Aliança, perante a
qual, João, ungido pelo Espírito que repousa sobre o Messias, exulta de
alegria, à semelhança de David (2 S. 6, 2-16). Em Maria concretiza-se, de algum
modo, o encontro de Deus com a humanidade. Ela inicia a era messiânica. É a
mulher que assegura ao seu povo a vitória absoluta sobre o pecado e o mal (a
saudação de Isabel lembra a que foi dirigida a Judit, após a vitória sobre os
seus inimigos).
Esta
união continuará no prolongamento da «visita» do Senhor a todos os homens, que
é a vida da Igreja.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Lucas
Naqueles
dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em
direcção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel
ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter
comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz
da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela
que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons que trazemos ao vosso altar e santificai-os com
o mesmo Espírito que, pelo poder da sua graça, fecundou o seio da Virgem Santa
Maria.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Is 7, 14
A Virgem conceberá e dará à luz um filho.
O seu nome será Emanuel, Deus-connosco.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Tendo recebido neste sacramento o penhor da redenção eterna,
nós Vos pedimos, Senhor: quanto mais se aproxima a festa da nossa salvação,
tanto mais cresça em nós o fervor para celebrarmos dignamente o mistério do
Natal do vosso Filho.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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