A BOCA
FALA DO QUE TRANSBORDA DO CORAÇÃO
Deus julga-nos com a mesma medida que usamos para os
outros. O rigor do nosso julgamento sobre o nosso próximo (o argueiro) mostra
que desconhecemos a nossa própria fragilidade e a nossa condição de pecadores
diante de Deus (a trave). Lucas salienta que as relações numa sociedade nova
não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode
julgar. Após a proclamação das bem-aventuranças, Lucas reúne, na segunda metade
do capítulo 6, várias sentenças de Jesus veiculadas na tradição das
comunidades. Compõe, assim, um discurso, à semelhança do Sermão da Montanha, de
Mateus. No texto de hoje temos duas parábolas correlacionadas entre si. Na
primeira parábola temos as duas interrogações sobre o cego que guia outro cego.
É possível que, originalmente, fosse dirigida aos fariseus tidos como guias de
uma doutrina que desorientava o povo. Lucas aplicá-la-ia também aos discípulos,
que deveriam entender melhor a missão de Jesus. Ao estarem bem formados não
deverão pretender serem maiores do que Jesus. A segunda interrogação é feita
com uma comparação usando o exagero: o argueiro ou a trave no olho. Em vez de
ficar a procurar defeitos nos irmãos, é importante que se faça a sua
autocrítica. Assim, com humildade, está-se preparado para, com lucidez e amor,
fazer a correcção fraterna do irmão. Os evangelhos recorrem com frequência às
comparações contendo contradições, como a actual comparação entre as duas
árvores, para elucidar sobre as características do Reino de Deus. Contudo,
estas comparações não devem induzir a uma equivocada compreensão dualista, isto
é, dividir as pessoas entre boas e más. O que se deve concluir é que cada um deve
encher o seu coração de coisas boas para que os seus frutos sejam bons. A
invocação e o louvor ao Senhor são frágeis e inconsistentes se não houver
empenho essencial em colocar em prática as palavras de Jesus.
MISSA
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ANTÍFONA DE
ENTRADA – Salmo 17, 19-20
O Senhor veio em meu auxílio,
livrou-me da angústia e pôs-me em liberdade.
Levou-me para lugar seguro, salvou-me pelo seu amor.
ORAÇÃO COLECTA
Fazei, Senhor, que os acontecimentos do mundo decorram para
nós segundo os vossos desígnios de paz e a Igreja Vos possa servir na
tranquilidade e na alegria.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
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LEITURA I – Sir
27, 5-8 (gr. 4-7)
«Não elogies
ninguém antes de ele falar»
Esta primeira
leitura prepara a terceira, e ambas têm carácter acentuadamente sapiencial; é
assim que esta primeira leitura serve para ilustrar a última pequena parábola
das três que o Evangelho nos apresenta. A palavra revela o que há de mais
profundo no homem, os seus defeitos e as suas qualidades. Com três rápidas
comparações, tiradas da experiência atentamente observada, esta breve leitura
nos ensina os caminhos da sabedoria.
Leitura
do Livro de Ben-Sirá
Quando
agitamos o crivo, só ficam impurezas: assim os defeitos do homem aparecem nas
suas palavras. O forno prova os vasos do oleiro e o homem é posto à prova pelos
seus pensamentos. O fruto da árvore manifesta a qualidade do campo: assim as
palavras do homem revelam os seus sentimentos. Não elogies ninguém antes de ele
falar, porque é assim que se experimentam os homens.
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 91 (92), 2-3.13-14.15-16 (R.cf. 2a)
Refrão: É bom louvar o
Senhor. (Repete-se).
É bom louvar o Senhor
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
proclamar pela manhã a vossa bondade
e durante a noite a vossa fidelidade. (Refrão)
O justo florescerá como a palmeira,
crescerá como o cedro do Líbano:
plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus. (Refrão)
Mesmo na velhice dará o seu fruto,
cheio de seiva e de vigor,
para proclamar que o Senhor é justo:
n’Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade. (Refrão)
LEITURA II – 1 Cor 15, 54-58
«Deu-nos a
vitória por Jesus Cristo»
A terminar um
longo capítulo sobre o mistério da ressurreição dos mortos, o Apóstolo entoa um
hino de triunfo e acção de graças a Deus pela vitória pascal de Cristo e a nossa
participação na mesma. Cristo, com a sua oblação na Cruz, venceu a morte para
sempre, e deu-nos a graça de participarmos, nós mortais, nessa sua vitória
pascal.
Leitura
da primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Quando este nosso corpo corruptível se tornar incorruptível e este nosso corpo
mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da Escritura: «A morte
foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está
o teu aguilhão?». O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei.
Mas dêmos graças a Deus, que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim, caríssimos irmãos, permanecei firmes e inabaláveis, cada vez mais
diligentes na obra do Senhor, sabendo que o vosso esforço não é inútil no
Senhor.
Palavra do Senhor
ALELUIA – Filip 2, 15d.16a
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Vós brilhais como estrelas no mundo,
ostentando a palavra da vida. (Refrão)
EVANGELHO – Lc 6,
39-45
Em
três breves parábolas o Senhor ensina-nos o caminho da sabedoria: o cego a
guiar outro cego, o argueiro e a trave na vista e a árvore que se pode
reconhecer pelo fruto. Todas elas conduzem ao que um salmo chama a “sabedoria
do coração” (Sl 89), e esta irá revelar-se nas palavras que são na boca o eco
do que vai no coração do homem.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo, disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola: «Poderá um cego guiar
outro cego? Não cairão os dois nalguma cova? O discípulo não é superior ao
mestre, mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre. Porque vês
o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua?
Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na
vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave
da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão. Não
há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se
pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das
sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau,
da sua maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração».
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS
OBLATAS
Senhor, que nos concedeis estes dons que Vos oferecemos e nos atribuís o
mérito do oferecimento, nós Vos suplicamos: o que nos dais como fonte de mérito
nos obtenha o prémio da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA
COMUNHÃO – Salmo 12, 6
Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez,
exaltarei o nome do Senhor, cantarei hinos ao Altíssimo.
Ou – Mt 28, 20
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos,
diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA
COMUNHÃO
Senhor, que nos saciais com os vossos dons sagrados,
concedei-nos, por este sacramento com que nos alimentais na vida presente, a
comunhão convosco na vida eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
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