sábado, 16 de março de 2019

PREPARAR A MISSA DO DOMINGO II DA QUARESMA – ano C – 17MAR2019





A GLÓRIA DO FILHO DE DEUS

Lucas apresenta Jesus rezando continuamente (5,16; 6,12; 9,18). Com isso o evangelista mostra que Jesus, através da sua palavra e acção, está a realizar a vontade do Pai. Na transfiguração aparece claramente esse sentido da oração (v.35). É vontade do Pai que Jesus realize o êxodo (v.31), isto é, que ele realize, mediante a sua morte, ressurreição e ascensão, o acto supremo de libertação do povo, acabando com a opressão exercida pelo sistema implantado em Jerusalém. A transfiguração forma um fascinante contraste com a mensagem de sofrimentos e humilhação. Como sempre acontece na tradição evangélica, é preciso manter unidos os dois extremos a fim de aceitar Jesus como ele é, Filho do Homem e Filho de Deus. Diversos detalhes lembram a experiência de Deus no Sinai: Moisés, o topo da montanha, a nuvem (Ex 24,9-19). Jesus é visto como Filho de Deus na sua glória celestial. O “aspecto do seu rosto mudou”, como ele mudará no seu corpo glorificado pela ressurreição (Mc 16,12). Com ele aparecem duas importantes figuras do Antigo Testamento, Moisés, o Legislador, e Elias, o Profeta. Eles são um sinal de que Jesus satisfará as expectativas do povo hebreu. De facto, falam com ele sobre o seu êxodo, a sua morte, a ressurreição e, na teologia de Lucas, em especial a sua ascensão, que ia “realizar-se” em Jerusalém. O comportamento dos três discípulos íntimos desaponta-nos. Eles adormecem, como fará mais tarde num momento decisivo. Confrontando com a glória divina, Pedro não chama Jesus pelo título de “Senhor”, que o identifica adequadamente como o Salvador, a fala sem coerência sobre erguer tendas terrenas para os seres celestiais. A revelação culmina com a voz proveniente das nuvens, como no baptismo de Jesus. Ele é o Filho de Deus, escolhido por Deus (Sl 2,7; Is 42,1). A admoestação “ouvi-o!” salienta a importância daquilo que Jesus tem dito sobre a sua missão e a natureza dos discípulos. A cena da Transfiguração é narrada pelos três evangelistas. A narrativa é feita num estilo apocalíptico, também presente nas narrativas do baptismo e da crucificação de Jesus. Este estilo caracteriza-se por fenómenos espantosos, abalos da natureza, nuvens e voz celestial, que indicam a presença e comunicação de Deus. Com isso, na Transfiguração fica confirmada a filiação divina de Jesus e o seu carácter de enviado para anunciar e instruir a todos. Moisés, representante da Lei, e Elias, representante do profetismo, haviam subido à montanha ao encontro de Deus. Agora, estando Jesus no alto da montanha a orar, Moisés e Elias vão a ele. O ponto alto é a voz que proclama: “Este é o meu filho, o Eleito. Escutai-o”. Do ponto de vista de uma interpretação messiânica escatológica, a Transfiguração seria o prenúncio da ressurreição, como coroação dos sofrimentos de Jesus na sua Paixão. Sob outro ponto de vista, a Transfiguração revela a condição divina de Jesus de Nazaré, filho de Maria, na simplicidade de seu convívio entre nós. Os discípulos devem ver em Jesus a nova condição humana glorificada pela encarnação do Filho de Deus. Não se trata de esperar um messias poderoso, mas, sim, de reencontrar a dignidade e a grandeza da condição humana, em tudo que ela tem de justo, bom e verdadeiro. Ao entrarmos em comunhão de amor com Jesus e com o próximo, Deus é glorificado e é-nos comunicada a sua vida divina e eterna.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 26, 8-9
Diz-me o coração: «Procurai a face do Senhor».
A vossa face, Senhor, eu procuro;
não escondais de mim o vosso rosto.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de infinita bondade, que nos mandais ouvir o vosso amado Filho, fortalecei-nos com o alimento interior da vossa palavra, de modo que, purificado o nosso olhar espiritual, possamos alegrar-nos um dia na visão da vossa glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

LEITURA I – Gen 15, 5-12.17-18
«Deus estabelece a aliança com Abraão»

Toda a história da salvação, desde o princípio até ao fim dos tempos, não é outra coisa senão o estabelecimento de uma aliança entre Deus e os homens, aliança que é oferta gratuita de Deus e que há-de ser aceitação humilde e agradecida da parte do homem. Mas há momentos mais significativos no estabelecimento desta aliança. Um deles, que é o seu ponto de partida mais explícito, é o da Aliança com Abraão, o crente por excelência, que, pela fé, se entrega totalmente à palavra de Deus. Nesta leitura, a aliança é significada por meio de um antigo rito: os animais oferecidos e esquartejados são o gesto do homem e o fogo que passa pelo meio deles é sinal da presença de Deus. Assim, de aliança em aliança, nos encaminhamos para a celebração da nova e eterna aliança na Páscoa do Senhor.

Leitura do Livro do Génesis
Naqueles dias, Deus levou Abrão para fora de casa e disse-lhe: «Olha para o céu e conta as estrelas, se as puderes contar». E acrescentou: «Assim será a tua descendência». Abraão acreditou no Senhor, o que lhe foi atribuído como justiça. Disse-lhe Deus: «Eu sou o Senhor que te mandou sair de Ur dos caldeus, para te dar a posse desta terra». Abraão perguntou: «Senhor, meu Deus, como saberei que a vou possuir?». O Senhor respondeu-lhe: «Toma uma vitela de três anos, uma cabra de três anos e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho». Abraão foi buscar todos esses animais, cortou-os ao meio e pôs cada metade em frente da outra metade; mas não cortou as aves. Os abutres desceram sobre os cadáveres, mas Abraão pô-los em fuga. Ao pôr do sol, apoderou-se de Abraão um sono profundo, enquanto o assaltava um grande e escuro terror. Quando o sol desapareceu e caíram as trevas, um brasido fumegante e um archote de fogo passaram entre os animais cortados. Nesse dia, o Senhor estabeleceu com Abraão uma aliança, dizendo: «Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egipto até ao grande rio Eufrates».
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 26 (27), 1.7-8.9abc.13-14 (R. 1a)

Refrão: O Senhor é a minha luz e a minha salvação. (Repete-se).

O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei-de temer?
O Senhor é protector da minha vida:
de quem hei-de ter medo? (Refrão)

Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica,
tende compaixão de mim e atendei-me.
Diz-me o coração: «Procurai a sua face».
A vossa face, Senhor, eu procuro. (Refrão)

Não escondais de mim o vosso rosto,
nem afasteis com ira o vosso servo.
Não me rejeiteis nem me abandoneis,
meu Deus e meu Salvador. (Refrão)

Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia no Senhor. (Refrão)


LEITURA II – Filip 3, 17 – 4,1

«Cristo nos transformará à imagem do seu corpo glorioso»

Cristo glorioso é o termo de toda a história humana, o objecto da esperança de toda a nossa vida e a meta para onde se orienta o nosso itinerário quaresmal. Ao tempo da ascese difícil e dolorosa na subida, que acompanha a vida que vivemos neste corpo mortal, responde a vida gloriosa, que já se manifesta no Corpo do Senhor transfigurado. Mas o caminho e a porta da glória passa pela Cruz.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Irmãos: Sede meus imitadores e ponde os olhos naqueles que procedem segundo o modelo que tendes em nós. Porque há muitos, de quem tenho falado várias vezes e agora falo a chorar, que procedem como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição: têm por deus o ventre, orgulham-se da sua vergonha e só apreciam as coisas terrenas. Mas a nossa pátria está nos Céus, donde esperamos, como Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo miserável, para o tornar semelhante ao seu corpo glorioso, pelo poder que Ele tem de sujeitar a Si todo o universo. Portanto, meus amados e queridos irmãos, minha alegria e minha coroa, permanecei firmes no Senhor.
Palavra do Senhor


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Mt 4, 4b

Refrão: Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor. (Repete-se)

No meio da nuvem luminosa, ouviu-se a voz do Pai:
«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». (Refrão)


EVANGELHO – Lc 9, 28b-36

«Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto»

A Transfiguração aparece todos os anos no Segundo Domingo da Quaresma, como anúncio da Ressurreição, de modo que, ao longo deste tempo de preparação pascal, estejamos bem conscientes de que o termo, para onde caminhamos, é Jesus ressuscitado. A Transfiguração, lida neste Domingo depois do Domingo da Tentação, faz com ela uma espécie de preâmbulo, antes de chegarmos à parte central da Quaresma. Mortificação e glorificação, tentação e glória, morte e ressurreição, são de facto, a síntese do mistério pascal que vamos celebrar.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente. Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias, que, tendo aparecido em glória, falavam da morte de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. Quando estes se iam afastando, Pedro disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Não sabia o que estava a dizer. Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho. Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto.
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Esta oblação, Senhor, lave os nossos pecados e santifique o corpo e o espírito dos vossos fiéis, para celebrarmos dignamente as festas pascais.
Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Mt 17, 5
Este é o meu Filho muito amado,
no qual pus as minhas complacências.
Escutai-O.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Alimentados nestes gloriosos mistérios, nós Vos damos graças, Senhor, porque, vivendo ainda na terra, nos fazeis participantes dos bens do Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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