(3º Domingo da Páscoa)
A refeição com o ressuscitado
A comunidade cristã que age sem estar
unida à pessoa e missão de Jesus continua nas trevas e não produz fruto, pois
trabalha sem perceber a presença do ressuscitado e sem conhecer o modo correcto
de realizar a acção. No momento em que ela segue a palavra de Jesus, o fruto
surge abundante. A missão termina sempre na Eucaristia, onde se realiza a
comunhão com Jesus. O texto evangélico alude a dois níveis de comunhão na vida
dos discípulos: entre si e com o Ressuscitado. Isto perfaz uma experiência
característica dos discípulos cristãos. A comunhão dos discípulos entre si
expressa-se na disposição a trabalharem juntos. Quando Pedro revela a sua
decisão de ir pescar, imediatamente os outros seis companheiros dispõem-se a ir
com ele. Embora a pescaria tenha sido infrutífera, o simples facto de estarem a
pescar juntos já era significativo. Cada qual poderia ir pescar sozinho,
pensando em si mesmo e no lucro que obteria com a pesca. A disposição de
partilharem o trabalho dava à pescaria uma nova dimensão. A comunhão com o
Ressuscitado expressa-se no convite para a refeição. Primeiramente, Jesus pede
aos sete pescadores algo para comer. Uma vez que nada tinham pescado,
ordena-lhes que lancem novamente a rede, à direita da barca. Resultado:
recolhem-na abarrotada de enormes peixes. Entretanto, quando atingem a margem
do lago, deparam-se com uma surpresa: a refeição preparada pelo próprio Mestre!
Este oferece-lhes peixe assado e pão, como gesto de bondosa solicitude,
saciando-lhes a fome, após uma noite inteira de fadiga e de trabalho inútil. A
comunhão com o Senhor dava consistência à comunhão dos discípulos entre si.
Caso contrário, não passariam de um grupo de amigos, sem maiores compromissos.
A presença do Senhor fazia frutificar o esforço da comunidade de atrair para a
fé muitas outras pessoas. Isto é o que simboliza a rede repleta com 153 grandes
peixes. O capítulo 21 do evangelho de João apresenta a retoma da missão pelos
discípulos, na Galileia, agora com a presença de Jesus ressuscitado. A
narrativa é semelhante à pesca milagrosa, no evangelho de Lucas, quando Jesus
chama os primeiros discípulos. A pesca é símbolo da missão. A presença e a palavra
de Jesus são necessárias para o seu sucesso, e a comunidade missionária une-se em
torno da refeição eucarística partilhada com Jesus.
LEITURA I – Actos 5,
27b-32.40b-41
“Somos
testemunhas destes factos, nós e o Espírito Santo”
Levados,
pela segunda vez, diante do Sinédrio, os Apóstolos, transformados e animados
pelo Espírito Santo, dão um corajoso testemunho acerca de Jesus. Procedendo
como cabeça da Igreja, como chefe dos outros Apóstolos, revestido duma
autoridade, que lhe vinha, directamente, de Cristo, Pedro anuncia a Morte e a
Ressurreição de Jesus e proclama que Ele continua vivo no meio dos homens, como
Senhor e Salvador.
Continuar
este testemunho de Pedro, através dos séculos, em todas as circunstâncias
históricas, na alegria ou na tribulação, nisto consiste a vida da Igreja.
Leitura dos
Actos dos Apóstolos
“Naqueles
dias, o sumo sacerdote falou aos Apóstolos, dizendo: «Já vos proibimos
formalmente de ensinar em nome de Jesus; e vós encheis Jerusalém com a vossa
doutrina e quereis fazer recair sobre nós o sangue desse homem». Pedro e os
Apóstolos responderam: «Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens. O Deus
dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós destes a morte, suspendendo-O no
madeiro. Deus exaltou-O pelo seu poder, como Chefe e Salvador, a fim de
conceder a Israel o arrependimento e o perdão dos pecados. E nós somos
testemunhas destes factos, nós e o Espírito Santo que Deus tem concedido
àqueles que Lhe obedecem». Então os judeus mandaram açoitar os Apóstolos,
intimando-os a não falarem no nome de Jesus, e depois soltaram-nos. Os
Apóstolos saíram da presença do Sinédrio cheios de alegria, por terem merecido
serem ultrajados por causa do nome de Jesus.”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Ap 5, 11-14
“Digno
é o Cordeiro que foi imolado de receber o poder e a riqueza”
Com
a Sua Ressurreição, Jesus Cristo foi constituído Senhor de todas as coisas, de
todos os seres espirituais e materiais, mesmo daqueles cuja existência ainda
não conhecemos. Centro de toda a criação, que para Ele ficou orientada, o
Senhor Ressuscitado, confundindo-se agora com a única Majestade de Deus, recebe
o agradecimento e o louvor da assembleia dos santos.
Unindo-se
a este louvor, as nossas assembleias eucarísticas, inundadas de alegria pascal,
testemunham que Jesus Cristo, nosso Deus, é o verdadeiro Senhor da História.
Leitura do
Livro do Apocalipse
“Eu, João, na
visão que tive, ouvi a voz de muitos Anjos, que estavam em volta do trono, dos
Seres Vivos e dos Anciãos. Eram miríades de miríades e milhares de milhares,
que diziam em alta voz: «Digno é o Cordeiro que foi imolado de receber o poder
e a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor». E ouvi todas
as criaturas que há no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e o universo
inteiro, exclamarem: «Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro o louvor e
a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos». Os quatro Seres Vivos
diziam: «Ámen!»; e os Anciãos prostraram-se em adoração.”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Jo 21, 1-19
“Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os
peixes”
Depois
de preparar os discípulos, através da pesca milagrosa realizada pelo grupo
chefiado por Pedro e na sua barca, Jesus determina o lugar, que ele deve ocupar
na Sua Igreja, constituindo-o «Pastor» do Seu único rebanho.
O
Senhor Jesus será sempre Pastor único e insubstituível da Igreja, que
santificou com a Sua Morte e a vivificou com a Sua Ressurreição. Mas Pedro, a
quem Jesus comunicou os Seus mesmos poderes, ficará à frente dela, neste tempo
que vai desde a partida do Senhor Jesus até à Sua vinda final.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Naquele
tempo, Jesus manifestou-Se outra vez aos seus discípulos, junto do mar de
Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé,
chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e
mais dois discípulos de Jesus. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar». Eles
responderam-lhe: «Nós vamos contigo». Saíram de casa e subiram para o barco,
mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper da manhã, Jesus apresentou-Se
na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes Jesus:
«Rapazes, tendes alguma coisa de comer?». Eles responderam: «Não». Disse-lhes
Jesus: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Eles lançaram a
rede e já mal a podiam arrastar por causa da abundância de peixes. O discípulo
predilecto de Jesus disse a Pedro: «É o Senhor». Simão Pedro, quando ouviu
dizer que era o Senhor, vestiu a túnica que tinha tirado e lançou-se ao mar. Os
outros discípulos, que estavam apenas a uns duzentos côvados da margem, vieram
no barco, puxando a rede com os peixes. Quando saltaram em terra, viram brasas
acesas com peixe em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: «Trazei alguns dos peixes
que apanhastes agora». Simão Pedro subiu ao barco e puxou a rede para terra,
cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos,
não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: «Vinde comer». Nenhum dos discípulos se
atrevia a perguntar-Lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor.
Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes. Esta
foi a terceira vez que Jesus Se manifestou aos seus discípulos, depois de ter
ressuscitado dos mortos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro:
«Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?». Ele respondeu-Lhe: «Sim,
Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros».
Voltou a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Ele
respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta
as minhas ovelhas». Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu
amas-Me?». Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez
se O amava e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo».
Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo:
Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas
quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para
onde não queres». Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro
havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me».”
Palavra da Salvação
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