sábado, 30 de abril de 2016

O ESPÍRITO SANTO VOS RECORDARÁ TUDO O QUE EU VOS DISSE




(6º Domingo da Páscoa)

Amar e observar os mandamentos

Advogado é alguém que defende uma causa. Jesus envia o Espírito Santo como advogado da comunidade cristã. O Espírito é a memória de Jesus que continua sempre viva e presente na comunidade. Ele ajuda a comunidade a manter e interpretar a acção de Jesus em qualquer tempo e lugar. O Espírito também leva a comunidade a discernir os acontecimentos para continuar o processo de libertação, distinguindo o que é vida e o que é morte, e realizando novos actos de Jesus na história. O discurso de despedida de Jesus visava suscitar sentimentos positivos no coração dos discípulos, num momento de desespero e angústia. E o Mestre fá-lo apelando à importância de amá-lo de facto, pautando a vida pelos seus ensinamentos. Jesus percebia a fragilidade do amor dos discípulos, e a não adesão radical à sua pessoa. Sem esta adesão amorosa, qualquer acção futura ficaria impossibilitada. Seria inútil contar com eles! Isto poderia comprometer o projecto de construção do Reino que lhes fora entregue como missão. As palavras de Jesus são um apelo aos discípulos para uma vida de comunhão com ele. Daí a sua insistência no tema do amar e pôr em prática os mandamentos. O amor supõe vínculos tão estreitos de relação com o Mestre, a ponto de permear e transformar a vida do discípulo. Porque quem ama Jesus, recusa-se a dar guarida ao egoísmo e ao pecado que rompem a comunhão. O discípulo que ama é fiel aos mandamentos do Mestre. Portanto, o amor não se reduz a teorias. É uma contínua busca em conformidade com o modo de ser e o querer de Jesus. Os seus mandamentos são uma expressão do seu modo de ser. Por isso, Jesus ordenou que os discípulos fizessem o mesmo que ele fez, propondo-lhes o seu próprio projecto de vida. Assim, a melhor escola de amor é o testemunho da vida de Jesus. Jesus afirmara que iria para o Pai afim de preparar uma morada para os discípulos. Agora fica esclarecido que esta morada não é noutro lugar distante, no céu, mas sim no próprio discípulo que guarda a sua palavra, o que significa a comunhão com a vida divina e eterna, já. Jesus fala também de paz e alegria no momento em que a sua morte está para acontecer. Paz é a plena realização humana. Ela só é possível se aquele que rege uma sociedade desumana for destituído do poder. A morte de Jesus realiza a paz. Todo o martírio é participação nessa luta vitoriosa de Jesus e, portanto, causa de paz e alegria. Jesus é, por natureza, comunicador de paz. Sem dúvida, não estamos às voltas com uma espécie de paz intimista e sentimental. A paz de Jesus é muito mais do que isto! A paz é um dom de Jesus para os seus discípulos, com vista ao testemunho que são chamados a dar. Ela visa a acção. Por isso, não pode reduzir-se ao nível do sentimento. A paz de Jesus tem como efeito banir do coração dos discípulos todo e qualquer resquício de perturbação ou de temor que leva ao imobilismo. Possuindo o dom da paz, eles deveriam manter-se imperturbáveis, sem se deixar intimidar diante das dificuldades. Assim pensada, a paz de Jesus consiste numa força divina que não deixa que os discípulos rompam a comunhão com o Mestre. É Jesus mesmo, presente na vida dos discípulos, sustentando-lhes a caminhada, sempre dispostos a seguir adiante com alegria, rumo à casa do Pai, apesar das adversidades que deverão enfrentar. A paz do mundo é bem outra coisa. Encontra-se na fuga e na alienação dos problemas da vida. Leva o discípulo a cruzar os braços, numa confiança ingénua em Deus do qual tudo espera, sem exigir colaboração. É uma paz que conduz à morte! O discípulo sensato rejeita a paz oferecida pelo mundo para acolher aquela que Jesus oferece. De posse dela, estará preparado para enfrentar todos os contratempos da vida, sem se deixar abater. A paz de Jesus é a paz que é fruto da prática libertadora, fraterna, solidária, restauradora da vida e da dignidade dos homens e mulheres. É a paz do reencontrar a vida na união da vontade com o Pai. É o empenho na construção de um mundo novo unido pelo amor que gera a vida eterna.

LEITURA I – Actos 15, 1-2.22-29

O Espírito Santo e nós decidimos não vos impor mais nenhuma obrigação, além destas que são necessárias

Em Jerusalém, no seu primeiro Concílio, a Igreja, assistida do Espírito Santo, reafirma a liberdade, que Cristo nos trouxe, ao decidir admitir no seu seio os convertidos do paganismo, sem terem de se sujeitar às prescrições da lei mosaica.
Animada pelo Espírito Santo, que inspira as suas decisões e sustenta a sua actividade missionária, a Igreja aparece-nos assim, desde os seus primeiros dias, como uma comunidade sem fronteiras, aberta a todos os homens, de qualquer raça ou cultura unida no amor e na fidelidade ao Colégio Apostólico.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
“Naqueles dias, alguns homens que desceram da Judeia ensinavam aos irmãos de Antioquia: «Se não receberdes a circuncisão, segundo a Lei de Moisés, não podereis salvar-vos». Isto provocou muita agitação e uma discussão intensa que Paulo e Barnabé tiveram com eles. Então decidiram que Paulo e Barnabé e mais alguns discípulos subissem a Jerusalém, para tratarem dessa questão com os Apóstolos e os anciãos. Os Apóstolos e os anciãos, de acordo com toda a Igreja, decidiram escolher alguns irmãos e mandá-los a Antioquia com Barnabé e Paulo. Eram Judas, a quem chamavam Barsabás, e Silas, homens de autoridade entre os irmãos. Mandaram por eles esta carta: «Os Apóstolos e os anciãos, irmãos vossos, saúdam os irmãos de origem pagã residentes em Antioquia, na Síria e na Cilícia. Tendo sabido que, sem nossa autorização, alguns dos nossos vos foram inquietar, perturbando as vossas almas com as suas palavras, resolvemos, de comum acordo, escolher delegados para vo-los enviarmos, juntamente com os nossos queridos Barnabé e Paulo, homens que expuseram a sua vida pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso vos mandamos Judas e Silas, que vos transmitirão de viva voz as nossas decisões. O Espírito Santo e nós decidimos não vos impor mais nenhuma obrigação, além destas que são indispensáveis: abster-vos da carne imolada aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e das relações imorais. Procedereis bem, evitando tudo isso. Adeus».”
Palavra do Senhor

LEITURA II – Ap 21, 10-14.22-23

Mostrou-me a cidade santa, que descia do Céu

A Igreja é a nova Jerusalém, alicerçada sobre a fé dos Apóstolos, na qual se reunirão, chamados por Cristo Ressuscitado, os homens dos quatro cantos da terra, para viverem em comunhão perfeita com Deus e com os irmãos.
S. João contemplou-a em todo o seu esplendor e perfeição. Contudo, ela está ainda a caminhar, na humildade e na dor ao longo dos séculos, na esperança de resplandecer de glória, quando chegar a plenitude dos tempos. A nova Jerusalém está ainda em construção e cada um de nós é uma pedra viva dessa morada de Deus, pedra trabalhada pelo Espírito Santo, recebido no Baptismo e no Crisma.

Leitura do Livro do Apocalipse
“Um Anjo transportou-me em espírito ao cimo de uma alta montanha e mostrou-me a cidade santa de Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, resplandecente da glória de Deus. O seu esplendor era como o de uma pedra preciosíssima, como uma pedra de jaspe cristalino. Tinha uma grande e alta muralha, com doze portas e, junto delas, doze Anjos; tinha também nomes gravados, os nomes das doze tribos dos filhos de Israel: três portas a nascente, três portas ao norte, três portas ao sul e três portas a poente. A muralha da cidade tinha na base doze reforços salientes e neles doze nomes: os dos doze Apóstolos do Cordeiro. Na cidade não vi nenhum templo, porque o seu templo é o Senhor Deus omnipotente e o Cordeiro. A cidade não precisa da luz do sol nem da lua, porque a glória de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro.”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Jo 14, 23-29

O Espírito Santo vos recordará tudo o que Eu vos disse

Ao terminar o primeiro discurso de despedida, após a Ceia, Jesus promete aos Seus discípulos o Espírito Santo, que lhes fará compreender, perfeitamente, a Sua mensagem, os ajudará a viver o Evangelho em todas as circunstâncias e os manterá em comunhão com Deus e os irmãos, de modo a gozarem sempre aquela paz, que em si encerra todos os bens messiânicos.
Seguros da presença do Espírito Santo na Igreja e nas suas almas, os cristãos podem, portanto, manter-se confiantes e alegres, por maiores que sejam as transformações por que passe a sociedade e por maiores que sejam as dificuldades que a Igreja conheça.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou. Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes que Eu vos disse: Vou partir, mas voltarei para junto de vós. Se Me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu. Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, acrediteis».”
Palavra da Salvação



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