(2º Domingo da Páscoa ou da
Divina Misericórdia)
Que a paz esteja com vocês!
O medo impede o anúncio e o
testemunho. Jesus liberta do medo, mostrando que o amor doado até à morte é
sinal de vitória e alegria. Depois, convoca os seus seguidores para a missão no
meio do mundo, infunde neles o Espírito da vida nova e mostra-lhes o objectivo
da missão: continuar a actividade dele, provocando o julgamento. De facto, a
aceitação ou recusa do amor de Deus, trazido por Jesus, é o critério do
discernimento que leva o homem a tomar consciência da sentença que cada um
atrai para si próprio: a sentença de libertação ou de condenação. Tomé
simboliza aqueles que não acreditam no testemunho da comunidade e exigem uma
experiência particular para acreditar. Jesus, porém, revela-se a Tomé dentro da
comunidade. Todas as gerações do futuro acreditarão em Jesus vivo e
ressuscitado através do testemunho da comunidade cristã. O autor conclui o
relato da vida de Jesus, chamando a atenção para o conteúdo e a finalidade do
seu evangelho, que contém apenas alguns dos muitos sinais realizados por Jesus.
E estes aqui foram narrados para despertar o compromisso da fé que leva a
experimentar a vida trazida por Jesus. Esta narrativa da aparição do
ressuscitado aos discípulos reunidos está presente também no evangelho de
Lucas. De modo muito sucinto ela foi inserida no apêndice do evangelho de
Marcos. João destaca as portas fechadas por medo dos judeus. Assim deixa
transparecer o contexto de perseguição que sofriam, o que também acontecia com
as comunidades no tempo em que João escreve. A presença do ressuscitado e a
comunicação da paz fortalecem a fé dos discípulos. Mostrando as chagas das mãos
e do lado, o ressuscitado confirma a sua identificação com Jesus de Nazaré,
revelando a continuidade da sua vida no seio do Pai eterno. A partir da
experiência de Tomé, Jesus proclama a bem-aventurança da fé daqueles que não
viram e creram. A continuidade do ministério de Jesus é registada no livro de Actos
do Apóstolos. Temos aí um sumário da missão, com referência explícita a Pedro.
Como em Jesus, as curas e exorcismos são sinais da acção libertadora dos
apóstolos. O Apocalipse apresenta o ressuscitado como o vitorioso final num
combate celestial. Com este estilo literário, procura-se animar a fé e a
resistência das comunidades que sofriam perseguição da parte dos judeus e dos
romanos, no fim do primeiro século. Jesus comunica aos discípulos a Paz e o
Espírito. Os discípulos são enviados em missão, com o conforto do Espírito. As
suas comunidades são responsáveis pela prática da misericórdia no acolhimento
dos pecadores convidados à conversão. A partir da experiência de Tomé, Jesus
proclama a bem-aventurança da fé. Começa o tempo dos bem-aventurados que não o
viram e creram nele.
LEITURA I – Actos 5, 12-16
“Cada
vez mais gente aderia ao Senhor pela fé, uma multidão de homens e mulheres”
Uma
das características mais salientes da comunidade primitiva era o poder de
realizar milagres, que os Apóstolos tinham. Por esse poder especial, a presença
de Jesus Ressuscitado impunha-se duma forma sensível. Era d’Ele que lhes vinha,
com efeito, esse poder, de harmonia com o que lhes havia prometido (Mc. 16,
18).
Mas
não era apenas graças a estes prodígios que o número de crentes aumentava. A
Igreja crescia ainda mais, graças à acção, que os Apóstolos exerciam sobre os
corações, com o dom do Espírito Santo.
Leitura dos
Actos dos Apóstolos
“Pelas mãos
dos Apóstolos realizavam-se muitos milagres e prodígios entre o povo. Unidos
pelos mesmos sentimentos, reuniam-se todos no Pórtico de Salomão; nenhum dos
outros se atrevia a juntar-se a eles, mas o povo enaltecia-os. Uma multidão
cada vez maior de homens e mulheres aderia ao Senhor pela fé, de tal maneira
que traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e em catres,
para que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles. Das
cidades vizinhas de Jerusalém, a multidão também acorria, trazendo enfermos e
atormentados por espíritos impuros e todos eram curados.”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Ap 1,
9-11a.12-13.17-19
“Estive
morto, mas eis-Me vivo pelos séculos dos séculos”
A
fé dos cristãos da Ásia Menor, naqueles fins do século I, estava exposta a
sérios perigos. Ao golpe da perseguição vinha juntar-se a ameaça de erros
doutrinais (1 Jo. 2, 22-23).
Desejando
confortar os seus irmãos, o Apóstolo S. João dirige-se-lhes, da ilha de Patmos,
onde está exilado, para lhes garantir, por revelação divina, que Cristo
Ressuscitado, vencedor da morte, está presente nas comunidades cristãs, que
vivem d’Ele, de tal sorte que as potências do mal serão vencidas e a Igreja
triunfará com Cristo.
Leitura do
Livro do Apocalipse
“Eu, João,
vosso irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na perseverança em
Jesus, estava na ilha de Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho
de Jesus. No dia do Senhor fui movido pelo Espírito e ouvi atrás de mim uma voz
forte, semelhante à da trombeta, que dizia: «Escreve num livro o que vês e
envia-o às sete Igrejas». Voltei-me para ver de quem era a voz que me falava;
ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, alguém
semelhante a um filho do homem, vestido com uma longa túnica e cingido no peito
com um cinto de ouro. Quando o vi, caí a seus pés como morto. Mas ele poisou a
mão direita sobre mim e disse-me: «Não temas. Eu sou o Primeiro e o Último, o
que vive. Estive morto, mas eis-Me vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves
da morte e da morada dos mortos. Escreve, pois, as coisas que viste, tanto as
presentes como as que hão-de acontecer depois destas».”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Jo 20, 19-31
“Oito dias depois, veio Jesus...”
À
semelhança de Tomé, muitas vezes, na nossa vida nos deixamos dominar pelo
desânimo, chegando mesmo a afastarmo-nos dos irmãos.
Se
acreditássemos, verdadeiramente, na Ressurreição, a nossa existência estaria
marcada por essa consoladora realidade. A alegria pascal seria uma constante,
em todos os momentos; a fé na vida prevaleceria sobre o desânimo, sobre o
cansaço; a união na Igreja seria mais autêntica, mais forte; e as relações
entre os crentes não seriam envenenadas pelo individualismo, mas inspiradas
pelo desejo de tudo compartilharmos com aqueles que receberam a mesma vida
nova, a vida de Cristo Ressuscitado.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Na tarde
daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os
discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no
meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as
mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus
disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também
Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o
Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e
àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado
Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros
discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos
o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu
lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em
casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no
meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o
teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não
sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!».
Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem
terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos,
que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para
acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando,
tenhais a vida em seu nome.”
Palavra da Salvação
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