(4º Domingo da Páscoa)
Eu e o Pai somos um
Jesus define a sua condição de
Messias, apresentando-se como o Filho de Deus. As provas do seu messianismo não
são teorias jurídicas, mas factos concretos: as suas acções comprovam que é
Deus quem age nele. O modo de proceder de Jesus bem como os seus ensinamentos
deixavam desconcertados os seus adversários. Embora realizasse gestos
prodigiosos, suficientes para revelar sua plena comunhão com o Pai, e falasse
de maneira até então desconhecida, permanecia uma incógnita a seu respeito. Os
judeus, que tinham tudo para reconhecê-lo como o Messias, permaneciam na
incerteza. Por isso, ficavam à espera de que Jesus lhes “dissesse abertamente”
quem era. A postura assumida pelos adversários impedia-os de compreender a
verdadeira identidade messiânica de Jesus. Movidos pela suspeita, pela
malevolência e pela crítica mordaz, jamais conseguiriam chegar à resposta
desejada. Daí a tendência a acusar Jesus de blasfemo e imputar-lhe toda a sorte
de desvios teológicos e políticos. Em contraste com os adversários estavam os
discípulos. Estes, sim, colocavam-se numa atitude humilde de escuta, atentos às
palavras do Mestre, procurando desvendar-lhes o seu sentido mais profundo.
Dispuseram-se a segui-lo para serem instruídos não só por suas palavras, mas
também pelos seus gestos concretos de misericórdia, para com os mais
necessitados. A comunhão de vida com o Mestre permitia-lhes descobrir a sua
condição de Messias, o enviado do Pai. A incógnita sobre Jesus permanece para
quem se posiciona diante dele como adversário. Quem se faz discípulo não tem
dificuldade de reconhecê-lo como Messias. O evangelho de João apresenta-nos a
quarta e penúltima visita de Jesus a Jerusalém, por ocasião da festa da
Dedicação. Jesus revela que aquele povo que acorre para tais festas em torno do
Templo, na realidade, são ovelhas suas, chamadas a escutar as suas palavras e segui-lo.
O Pai deu-lhe estas ovelhas, e ninguém as arrancará da mão do Pai. Assim, Jesus
desautoriza os chefes religiosos de Israel, com o seu Templo e as suas
sinagogas, a considerarem-se verdadeiros pastores. Eles oprimem e exploram o
povo e, rejeitando Jesus, excluem-se do dom que o Pai comunica por Jesus. As
ovelhas escutam a voz de Jesus e seguem-no. A elas é dada a vida eterna. “Eu e
o Pai somos um”. Nos evangelhos, somente aqui temos esta auto-proclamação
sucinta e expressiva da união de Jesus com o Pai. A obra de Jesus é feita em
unidade com o Pai. Esta obra, à qual somos chamados, é o dom do amor e da vida.
LEITURA I – Actos 13,
14.43-52
“Vamos
voltar-nos para os pagãos”
Desde
o princípio, os discípulos de Jesus compreenderam que o amor e os planos de
salvação do «Bom Pastor» eram universais, abarcavam toda a humanidade.
Por
isso, S. Paulo, vendo na hostilidade dos judeus uma indicação de Deus,
volta-se, definitivamente, para os pagãos, no desejo de continuar a missão de
Jesus, estabelecido por Deus luz das nações e Salvador de toda a terra. O
Apóstolo estava, na verdade, convencido de que a Igreja tem de ser missionária.
Tem de levar a todos os homens e a todos os povos sem distinções a salvação
alcançada por Jesus.
Leitura dos
Actos dos Apóstolos
“Naqueles
dias, Paulo e Barnabé seguiram de Perga até Antioquia da Pisídia. A um sábado,
entraram na sinagoga e sentaram-se. Terminada a reunião da sinagoga, muitos
judeus e prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, que nas suas conversas
com eles os exortavam a perseverar na graça de Deus. No sábado seguinte,
reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra do Senhor. Ao verem a
multidão, os judeus encheram-se de inveja e responderam com blasfémias.
Corajosamente, Paulo e Barnabé declararam: «Era a vós que devia ser anunciada
primeiro a palavra de Deus. Uma vez, porém, que a rejeitais e não vos julgais
dignos da vida eterna, voltamo-nos para os gentios, pois assim nos mandou o
Senhor: ‘Fiz de ti a luz das nações, para levares a salvação até aos confins da
terra’». Ao ouvirem estas palavras, os gentios encheram-se de alegria e
glorificavam a palavra do Senhor. Todos os que estavam destinados à vida eterna
abraçaram a fé e a palavra do Senhor divulgava-se por toda a região. Mas os
judeus, instigando algumas senhoras piedosas mais distintas e os homens
principais da cidade, desencadearam uma perseguição contra Paulo e Barnabé e
expulsaram-nos do seu território. Estes, sacudindo contra eles o pó dos seus
pés, seguiram para Icónio. Entretanto, os discípulos estavam cheios de alegria
e do Espírito Santo.”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Ap 7, 9.14b-17
“O
Cordeiro será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água viva”
Unido,
pelo seu Baptismo, a Cristo, Bom Pastor, o cristão participa já do triunfo do
Ressuscitado. O cristão, vivendo a fé recebida, trabalhando pela construção de
um mundo melhor, um mundo sem injustiças, sem desigualdades, sem divisões,
prolonga, no tempo presente, esse mesmo triunfo.
Contudo,
o seu destino é mais glorioso, pois ultrapassa os horizontes do mundo. A vida
do cristão, com efeito, é uma caminhada, sob a direcção do Bom Pastor, para as
águas vivas da vida eterna, para o Céu. Será aí que, finalmente, a grande
família de Deus, composta de homens de todas as raças e culturas, se reunirá,
para viver uma felicidade sem sombra, no gozo pleno do triunfo definitivo de
Cristo Ressuscitado.
Leitura do Livro
do Apocalipse
“Eu, João, vi
uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos,
povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro,
vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. Um dos Anciãos tomou a palavra
para me dizer: «Estes são os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as
túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono
de Deus, servindo-O dia e noite no seu templo. Aquele que está sentado no trono
abrigá-los-á na sua tenda. Nunca mais terão fome nem sede, nem o sol ou o vento
ardente cairão sobre eles. O Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu
pastor e os conduzirá às fontes da água viva. E Deus enxugará todas as lágrimas
dos seus olhos».”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Jo 10, 27-30
“Eu dou a vida eterna às minhas ovelhas”
Aquele
que, pela fé, aceitou a palavra de Jesus e aderiu à Sua Pessoa, fica
estreitamente unido a Ele. Na verdade, o Senhor Jesus estabelece com o Seu
discípulo relações de profunda intimidade, caracterizadas por um conhecimento
mútuo e uma amizade recíproca, que levam a uma comunhão de vida: Jesus comunica
àquele que acredita n’Ele a Sua vida, a vida mesma de Deus, a vida que não
morre.
Em
virtude desta união com Cristo, o cristão sente-se já salvo em plenitude e,
mesmo no meio das vicissitudes da vida, experimenta uma inabalável segurança, que
tem o seu fundamento no próprio poder do Pai, de que Jesus participa, pois é um
com Ele.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Naquele
tempo, disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as
minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de
perecer e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do
que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só».”
Palavra da Salvação
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