sábado, 23 de abril de 2016

AMAI-VOS UNS AOS OUTROS...




(5º Domingo da Páscoa)

“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”

O mandamento novo supera todos os outros mandamentos. Deus e o homem são inseparáveis. E é somente amando ao homem que amamos a Deus. Em Jesus, Deus se fez presente no homem, tornando-o intocável. Tal mandamento novo gera uma comunidade, que oferece uma alternativa de vida digna e liberdade perante a morte e a opressão. A glória de Deus manifestada em Jesus é um dos temas fundamentais de João. Perpassa o seu evangelho desde o prólogo “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai...”, até as palavras de despedida na última ceia. Nas palavras de Jesus, no evangelho de hoje, em duas curtas frases a “glória” é mencionada cinco vezes. Os chefes religiosos de Jerusalém programaram a morte de Jesus, no que tiveram a colaboração de Judas. Contudo, o que para eles parecia ser o fim, na realidade era a glorificação de Jesus, por seu testemunho de fidelidade ao Pai toda sua vida, disposto até a enfrentar o sofrimento maior e a morte. Jesus, nascido de Maria, humano e divino, é portador da imortalidade e da glória. A encarnação é a confirmação de que “a glória de Deus é o homem vivo”. As palavras de Jesus são dirigidas a todos os tempos e, particularmente, às comunidades do evangelista João, quando escreve seu evangelho. Nestas, na ausência de Jesus, os discípulos oram e meditam sobre sua vida e, iluminados pelo Espírito, começam a entendê-lo, em especial na dimensão da sua permanência, vivo, entre eles. É a glorificação de Jesus: a sua missão cumprida e continuada pelos seus discípulos, ao longo do tempo e duradoura na eternidade. É a glória de Deus na missão que leva a alegria, a vida e a paz aos pobres e oprimidos, com a novidade de Jesus, que liberta da antiga opressão. Os discípulos de todos os tempos são cativados pelo amor. Não é o amor de um mandamento, escrito em pedra, mas é o amor da comunhão de vida com Jesus e com o Pai. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. A medida do amor é o próprio Jesus, que é um com o Pai, o qual “amou tanto o mundo, que deu seu Filho único, para que todo aquele que nele acreditar não pereça, mas tenha a vida eterna”. Pela fé vemos o Reino de Deus entre nós como realidade actual e como força de transformação em direcção ao novo céu e à nova terra. É a morada de Deus com os homens e mulheres no mundo novo possível. A glorificação de Jesus, tema característico do evangelho de João, é a manifestação plena do seu amor, até ao fim, sem recuar diante das ameaças que pairavam sobre ele. É a plena manifestação da sua divindade e da sua eternidade.

LEITURA I – Actos 14, 21b-27

Contaram à Igreja tudo o que Deus tinha feito com eles

Terminada a primeira viagem missionária, através do sudoeste da Ásia menor, Paulo regressa a Antioquia, visitando, pelo caminho, as comunidades nascidas do seu trabalho, sob a acção do Espírito Santo. Como o anúncio da salvação lhes havia sido já dirigido, o Apóstolo, sem deixar de pregar a palavra, preocupa-se, sobretudo, em consolidar as jovens comunidades, preparando-as para suportarem as tribulações.
Ao mesmo tempo, S. Paulo organiza hierarquicamente a Igreja, pondo à sua frente os anciãos (presbíteros) escolhidos, não pela comunidade, como se fazia entre os judeus dispersos no mundo pagão, mas directamente por ele. Assim se manifestava a colegialidade. Assim se asseguravam as relações entre a Igreja local e a universal.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
“Naqueles dias, Paulo e Barnabé voltaram a Listra, a Icónio e a Antioquia. Iam fortalecendo as almas dos discípulos e exortavam-nos a permanecerem firmes na fé, «porque – diziam eles – temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus». Estabeleceram anciãos em cada Igreja, depois de terem feito orações acompanhadas de jejum, e encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham acreditado. Atravessaram então a Pisídia e chegaram à Panfília; depois, anunciaram a palavra em Perga e desceram até Atalia. De lá embarcaram para Antioquia, de onde tinham partido, confiados na graça de Deus, para a obra que acabavam de realizar. À chegada, convocaram a Igreja, contaram tudo o que Deus fizera com eles e como abrira aos gentios a porta da fé.”
Palavra do Senhor

LEITURA II – Ap 21, 1-5a

Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos

A Ressurreição de Jesus não eliminou, totalmente, o mal, que continua a estar presente na nossa vida. Contudo (e é esta a grande mensagem que o Apocalipse nos transmite), a humanidade conhecerá, um dia, em Cristo, a vitória plena e definitiva sobre o mal. O fim dos tempos, com efeito, não será uma destruição, mas uma transformação. Nesse dia das núpcias definitivas com o Seu Criador, a humanidade resplandecerá com a mesma juventude de Deus. O próprio mundo material, enobrecido pelo trabalho do homem, será transformado. Será então que a obra da nova criação, iniciada na manhã de Páscoa, atingirá a sua plenitude e Jesus entregará ao Pai os homens, chamados para a glória eterna, em Cristo (I Ped. 5, 10).

Leitura do Livro do Apocalipse
“Eu, João, vi um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, bela como noiva adornada para o seu esposo. Do trono ouvi uma voz forte que dizia: «Eis a morada de Deus com os homens. Deus habitará com os homens: eles serão o seu povo e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; nunca mais haverá morte nem luto, nem gemidos nem dor, porque o mundo antigo desapareceu». Disse então Aquele que estava sentado no trono: «Vou renovar todas as coisas».”
Palavra do Senhor

EVANGELHO – Jo 13, 31-33a.34-35

Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros

Aos discípulos, que não podem ainda segui-l’O na Sua glória, Jesus entrega-lhes, como Seu testamento espiritual, o mandamento novo: amar os homens, nossos irmãos, como Ele os amou, até ao amor do inimigo, até ao dom da vida, até às últimas consequências.
Este amor não é uma simples norma legal. É uma espécie de instituição «sacramental», pela qual se assegura, continuamente a presença de Jesus no meio de nós. Vivido em realidade, é o mesmo amor do Pai, encarnado em Jesus, que através de nós se comunica aos homens. É este amor que torna a Igreja, esta «nova» comunidade de Deus com os homens, uma comunidade distinta de todas as comunidades humanas e um sinal do «mundo novo», onde só se fala uma linguagem – a do amor.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Quando Judas saiu do Cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora. Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».”
Palavra da Salvação



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