(5º Domingo da Páscoa)
“Amai-vos uns aos outros como eu vos
amei”
O mandamento novo supera todos os
outros mandamentos. Deus e o homem são inseparáveis. E é somente amando ao
homem que amamos a Deus. Em Jesus, Deus se fez presente no homem, tornando-o
intocável. Tal mandamento novo gera uma comunidade, que oferece uma alternativa
de vida digna e liberdade perante a morte e a opressão. A glória de Deus
manifestada em Jesus é um dos temas fundamentais de João. Perpassa o seu
evangelho desde o prólogo “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós; e nós
vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai...”, até as palavras de
despedida na última ceia. Nas palavras de Jesus, no evangelho de hoje, em duas
curtas frases a “glória” é mencionada cinco vezes. Os chefes religiosos de
Jerusalém programaram a morte de Jesus, no que tiveram a colaboração de Judas.
Contudo, o que para eles parecia ser o fim, na realidade era a glorificação de
Jesus, por seu testemunho de fidelidade ao Pai toda sua vida, disposto até a
enfrentar o sofrimento maior e a morte. Jesus, nascido de Maria, humano e divino,
é portador da imortalidade e da glória. A encarnação é a confirmação de que “a
glória de Deus é o homem vivo”. As palavras de Jesus são dirigidas a todos os
tempos e, particularmente, às comunidades do evangelista João, quando escreve
seu evangelho. Nestas, na ausência de Jesus, os discípulos oram e meditam sobre
sua vida e, iluminados pelo Espírito, começam a entendê-lo, em especial na
dimensão da sua permanência, vivo, entre eles. É a glorificação de Jesus: a sua
missão cumprida e continuada pelos seus discípulos, ao longo do tempo e
duradoura na eternidade. É a glória de Deus na missão que leva a alegria, a
vida e a paz aos pobres e oprimidos, com a novidade de Jesus, que liberta da
antiga opressão. Os discípulos de todos os tempos são cativados pelo amor. Não
é o amor de um mandamento, escrito em pedra, mas é o amor da comunhão de vida
com Jesus e com o Pai. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. A medida do
amor é o próprio Jesus, que é um com o Pai, o qual “amou tanto o mundo, que deu
seu Filho único, para que todo aquele que nele acreditar não pereça, mas tenha
a vida eterna”. Pela fé vemos o Reino de Deus entre nós como realidade actual e
como força de transformação em direcção ao novo céu e à nova terra. É a morada
de Deus com os homens e mulheres no mundo novo possível. A glorificação de
Jesus, tema característico do evangelho de João, é a manifestação plena do seu
amor, até ao fim, sem recuar diante das ameaças que pairavam sobre ele. É a
plena manifestação da sua divindade e da sua eternidade.
LEITURA I – Actos 14, 21b-27
“Contaram
à Igreja tudo o que Deus tinha feito com eles”
Terminada
a primeira viagem missionária, através do sudoeste da Ásia menor, Paulo
regressa a Antioquia, visitando, pelo caminho, as comunidades nascidas do seu
trabalho, sob a acção do Espírito Santo. Como o anúncio da salvação lhes havia
sido já dirigido, o Apóstolo, sem deixar de pregar a palavra, preocupa-se,
sobretudo, em consolidar as jovens comunidades, preparando-as para suportarem
as tribulações.
Ao
mesmo tempo, S. Paulo organiza hierarquicamente a Igreja, pondo à sua frente os
anciãos (presbíteros) escolhidos, não pela comunidade, como se fazia entre os
judeus dispersos no mundo pagão, mas directamente por ele. Assim se manifestava
a colegialidade. Assim se asseguravam as relações entre a Igreja local e a
universal.
Leitura dos
Actos dos Apóstolos
“Naqueles
dias, Paulo e Barnabé voltaram a Listra, a Icónio e a Antioquia. Iam
fortalecendo as almas dos discípulos e exortavam-nos a permanecerem firmes na
fé, «porque – diziam eles – temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos
no reino de Deus». Estabeleceram anciãos em cada Igreja, depois de terem feito
orações acompanhadas de jejum, e encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham
acreditado. Atravessaram então a Pisídia e chegaram à Panfília; depois,
anunciaram a palavra em Perga e desceram até Atalia. De lá embarcaram para
Antioquia, de onde tinham partido, confiados na graça de Deus, para a obra que
acabavam de realizar. À chegada, convocaram a Igreja, contaram tudo o que Deus
fizera com eles e como abrira aos gentios a porta da fé.”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Ap 21, 1-5a
“Deus
enxugará todas as lágrimas dos seus olhos”
A
Ressurreição de Jesus não eliminou, totalmente, o mal, que continua a estar
presente na nossa vida. Contudo (e é esta a grande mensagem que o Apocalipse
nos transmite), a humanidade conhecerá, um dia, em Cristo, a vitória plena e
definitiva sobre o mal. O fim dos tempos, com efeito, não será uma destruição,
mas uma transformação. Nesse dia das núpcias definitivas com o Seu Criador, a
humanidade resplandecerá com a mesma juventude de Deus. O próprio mundo
material, enobrecido pelo trabalho do homem, será transformado. Será então que
a obra da nova criação, iniciada na manhã de Páscoa, atingirá a sua plenitude e
Jesus entregará ao Pai os homens, chamados para a glória eterna, em Cristo (I
Ped. 5, 10).
Leitura do
Livro do Apocalipse
“Eu, João, vi
um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra tinham
desaparecido e o mar já não existia. Vi também a cidade santa, a nova
Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, bela como noiva adornada
para o seu esposo. Do trono ouvi uma voz forte que dizia: «Eis a morada de Deus
com os homens. Deus habitará com os homens: eles serão o seu povo e o próprio
Deus, no meio deles, será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus
olhos; nunca mais haverá morte nem luto, nem gemidos nem dor, porque o mundo
antigo desapareceu». Disse então Aquele que estava sentado no trono: «Vou
renovar todas as coisas».”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Jo 13, 31-33a.34-35
“Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros”
Aos
discípulos, que não podem ainda segui-l’O na Sua glória, Jesus entrega-lhes,
como Seu testamento espiritual, o mandamento novo: amar os homens, nossos
irmãos, como Ele os amou, até ao amor do inimigo, até ao dom da vida, até às
últimas consequências.
Este
amor não é uma simples norma legal. É uma espécie de instituição «sacramental»,
pela qual se assegura, continuamente a presença de Jesus no meio de nós. Vivido
em realidade, é o mesmo amor do Pai, encarnado em Jesus, que através de nós se
comunica aos homens. É este amor que torna a Igreja, esta «nova» comunidade de
Deus com os homens, uma comunidade distinta de todas as comunidades humanas e
um sinal do «mundo novo», onde só se fala uma linguagem – a do amor.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Quando Judas
saiu do Cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora foi glorificado o
Filho do homem e Deus foi glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele,
Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora. Meus
filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo:
que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos
outros».”
Palavra da Salvação
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