O CORPO DE CRISTO
Os crentes que respondem à Palavra de Deus e se tornam membros do Corpo de
Cristo, ficam estreitamente unidos a Cristo: «Neste Corpo, a vida de Cristo difunde-se nos crentes, unidos pelos
sacramentos, dum modo misterioso e real, a Cristo sofredor e glorificado».
Isto verifica-se particularmente no Baptismo, que nos une à morte e
ressurreição de Cristo, e na Eucaristia, pela qual, «participando realmente no
Corpo de Cristo», somos elevados à comunhão com Ele e entre nós.
Unidos a Cristo pelo Baptismo, os crentes participam já realmente na vida
celeste de Cristo ressuscitado. Mas esta vida continua «escondida com Cristo em
Deus» (Cl 3, 3). «Com Ele nos ressuscitou e nos fez sentar nos céus, em
Cristo Jesus» (Ef 2, 6). Alimentados pelo seu Corpo na Eucaristia, nós
pertencemos já ao Corpo de Cristo. Quando ressuscitarmos no último dia, havemos
também de nos «manifestar com Ele na glória» (Cl 3, 4).
A sagrada Eucaristia completa a iniciação cristã. Aqueles que foram
elevados à dignidade do sacerdócio real pelo Baptismo e configurados mais
profundamente com Cristo pela Confirmação, esses, por meio da Eucaristia,
participam, com toda a comunidade, no próprio sacrifício do Senhor.
«O nosso Salvador instituiu na última ceia, na noite em que foi entregue,
o sacrifício eucarístico do seu corpo e sangue, para perpetuar pelo decorrer
dos séculos, até voltar, o sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa
amada, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de
unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma
se enche de graça e nos é dado o penhor da glória futura».
A riqueza inesgotável deste sacramento exprime-se nos diferentes nomes
que lhe são dados. Cada um destes nomes evoca alguns dos seus aspectos.
Chama-se: Eucaristia, porque é acção de graças a Deus. As palavras «eucharistein»
(Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24) e «eulogein» (Mt 26, 26; Mc
14, 22) lembram as bênçãos judaicas que proclamam – sobretudo durante a
refeição – as obras de Deus: a criação, a redenção e a santificação.
Ceia
do Senhor,
porque se trata da ceia que o Senhor comeu com os discípulos na véspera
da sua paixão e da antecipação do banquete nupcial do Cordeiro na Jerusalém
celeste.
Fracção
do Pão, porque
este rito, próprio da refeição dos judeus, foi utilizado por Jesus quando
abençoava e distribuía o pão como chefe de família, sobretudo aquando da última
ceia. É por este gesto que os discípulos O reconhecerão depois da sua
ressurreição e é com esta expressão que os primeiros cristãos designarão as
suas assembleias eucarísticas. Querem com isso significar que todos os que
comem do único pão partido, Cristo, entram em comunhão com Ele e formam um só
corpo n’Ele.
Assembleia
eucarística («sýnaxis»),
porque a Eucaristia é celebrada em assembleia de fiéis, expressão visível da
Igreja.
Jesus
escolheu a altura da Páscoa para cumprir o que tinha anunciado em Cafarnaum: dar
aos seus discípulos o seu corpo e o seu sangue:
«Veio
o dia dos Ázimos, em que devia imolar-se a Páscoa. [Jesus] enviou então a Pedro
e a João, dizendo: “Ide preparar-nos a Páscoa, para que a possamos comer” […].
Partiram pois, […] e prepararam a Páscoa. Ao chegar a hora, Jesus tomou lugar à
mesa, e os Apóstolos com Ele. Disse‑lhes então: “Tenho desejado
ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de padecer. Pois vos digo que
não voltarei a comê-la, até que ela se realize plenamente no Reino de Deus”.
[…] Depois, tomou o pão e, dando graças, partiu-o, deu-lho e disse-lhes: “Isto
é o Meu corpo, que vai ser entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim”. No
fim da ceia, fez o mesmo com o cálice e disse: “Este cálice é a Nova Aliança no
meu sangue, que vai ser derramado por vós”» (Lc 22, 7-20).
LEITURA I – Gen 14, 18-20
“Ofereceu
pão e vinho”
Melquisedec,
que sai ao encontro de Abraão de regresso dum combate, dirigindo uma acção de
graças a Deus e oferecendo pão e vinho, é, segundo o Salmo 109, a figura do
futuro Messias, Sacerdote e Rei. Na sua oferenda, a tradição cristã, a partir
de S. Cipriano, vê um verdadeiro sacrifício, tipo do Sacrifício Eucarístico. Ao
mencionar, no Cânon romano «a oblação de Melquisedec, sumo sacerdote», a
Liturgia faz sua esta interpretação.
Leitura do
Livro do Génesis
“Naqueles
dias, Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho. Era sacerdote do Deus
Altíssimo e abençoou Abraão, dizendo: «Abençoado seja Abraão pelo Deus Altíssimo,
criador do céu e da terra. Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou nas tuas
mãos os teus inimigos». E Abraão deu-lhe a dízima de tudo.”
Palavra do Senhor
LEITURA II – 1 Cor 11, 23-26
“Todas
as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do
Senhor”
A
Eucaristia, hoje como no ano 57, em que Paulo nos fala da sua instituição, é um
convívio festivo, mas é muito mais do que uma confraternização. Na verdade,
celebrar a Eucaristia, segundo a vontade de Cristo, é participar no Seu
Sacerdócio eterno e é celebrar a Sua Morte e celebrá-la unidos a Ele, em Sua
«memória», isto é, para que Deus, hoje, nos salve; é participar da Sua vida de
Ressuscitado, comendo o Seu Corpo e bebendo o Seu Sangue; é unir-nos a Ele, que
quer prosseguir em nós a obra da Redenção, e unir-nos ao Seu Corpo, que é a
Igreja; é anunciar, através do tempo, a Sua Morte, na expectativa amorosa da
libertação definitiva, no mundo novo do Reino de Deus.
Leitura da
Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
“Irmãos: Eu
recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que ia
ser entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu
Corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». Do mesmo modo, no fim
da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue.
Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de Mim». Na verdade, todas as
vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do
Senhor, até que Ele venha».”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Lc 9, 11b-17
“Comeram e ficaram saciados”
Acolhendo
todos quantos a Ele acorrem, Jesus liberta os homens pela Sua palavra e
alimenta-os, abundantemente, no deserto.
O
milagre da multiplicação dos pães não é apenas um sinal do Seu amor. Ele tem
uma relação tão estreita com a Eucaristia que é logo a seguir à sua descrição
que João nos dá o discurso sobre o Pão da Vida (Jo. 6, 1-13). O milagre da
multiplicação dos pães é o anúncio e a preparação do Milagre Eucarístico, pelo
qual o Senhor, através do sacerdócio ministerial, prefigurado no serviço dos
discípulos encarregados de distribuir o pão, alimentará sobrenaturalmente, a
humanidade.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
“Naquele
tempo, estava Jesus a falar à multidão sobre o reino de Deus e a curar aqueles
que necessitavam. O dia começava a declinar. Então os Doze aproximaram-se e
disseram-Lhe: «Manda embora a multidão para ir procurar pousada e alimento às
aldeias e casais mais próximos, pois aqui estamos num local deserto».
Disse-lhes Jesus: «Dai-lhes vós de comer». Mas eles responderam: «Não temos
senão cinco pães e dois peixes... Só se formos nós mesmos comprar comida para
todo este povo». Eram de facto uns cinco mil homens. Disse Jesus aos
discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta». Assim fizeram e todos
se sentaram. Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos
ao Céu e pronunciou sobre eles a bênção. Depois partiu-os e deu-os aos
discípulos, para eles os distribuírem pela multidão. Todos comeram e ficaram
saciados; e ainda recolheram doze cestos dos pedaços que sobraram.”
Palavra da Salvação
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