(7º Domingo da Páscoa)
A missão
A missão cristã nasce da leitura das
Escrituras, onde se percebe o testemunho de Jesus (vida-morte-ressurreição)
como seu centro e significado. Essa missão continua no anúncio de Jesus a todos
os povos e provoca a transformação da história a partir da actividade de Jesus
voltada para os pobres e oprimidos. A conversão e o perdão supõem percorrer o caminho
de Jesus na própria vida e nos caminhos da história. A missão é iluminada pelo
Espírito do Pai e de Jesus (a “força que vem do alto”). As narrativas da
tradição das primeiras comunidades, sobre Jesus, podem ser divididas em dois
blocos: narrativas que envolvem a sua vida até à crucificação, e narrativas em
torno do ressuscitado. Entre estes dois blocos há uma certa descontinuidade.
Percebe-se em Jesus, durante a sua vida, uma rejeição a qualquer forma de
poder. Já nas narrativas após a crucificação o ressuscitado é envolvido por uma
aura de poder e glória. Pode-se entender que as narrativas sobre o ressuscitado
tinham o objectivo de animar a fé daqueles discípulos que estariam frustrados
com a morte na cruz. Em Actos dos Apóstolos (primeira leitura), vemos como os
discípulos, até o fim, esperavam que Jesus seria aquele que restabeleceria o
reino de Israel, nos moldes do antigo reino de David. Contudo, nada aconteceu.
Agora, a ausência de Jesus era explicada por um fim glorioso, com a sua
ascensão aos céus e a sua constituição em poder e glória, sentado à direita de
Deus (segunda leitura). O poder terreno foi transferido para a esfera
celestial. Porém, a memória de Jesus da Nazaré, que tocou os corações das
multidões pelo seu amor e pelo seu testemunho de doação e serviço, permanece
viva ao longo do tempo. Temos, entretanto, não só a sua memória, mas sua
presença real. Onde dois ou mais se reúnem em nome de Jesus, onde há a partilha
do pão, e naqueles mais pequeninos e humildes que esperam pelo nosso amor e a nossa
solidariedade, se dá o encontro com Jesus.
LEITURA I – Actos 1, 1-11
“Elevou-Se
à vista deles”
Depois
da Ascensão, Jesus deixa de estar visivelmente presente num determinado lugar
da terra. No entanto, Ele, que permanece eternamente vivo «depois da Sua
Paixão», continuará sempre presente no meio de nós. A Ascensão inaugura o tempo
da Igreja, na qual, de futuro, o céu e a terra se vão encontrar.
Na
Igreja, embora não O vejamos fisicamente, temos a possibilidade de viver de
Cristo e com Cristo. Na Igreja, pelos Seus Apóstolos, testemunhas da
Ressurreição, anunciadores do perdão e da vida divina, portadores da força do
Espírito, Jesus continua hoje a Sua obra de Salvação.
Leitura dos
Actos dos Apóstolos
“No meu
primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a
ensinar, desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao Céu, depois de ter
dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera. Foi
também a eles que, depois da sua paixão, Se apresentou vivo com muitas provas,
aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus. Um dia
em que estava com eles à mesa, mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém,
mas que esperassem a promessa do Pai, «da qual – disse Ele – Me ouvistes falar.
Na verdade, João baptizou com água; vós, porém, sereis baptizados no Espírito
Santo, dentro de poucos dias». Aqueles que se tinham reunido começaram a
perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?». Ele
respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai
determinou com a sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que
descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia
e na Samaria e até aos confins da terra». Dito isto, elevou-Se à vista deles e
uma nuvem escondeu-O a seus olhos. E estando de olhar fito no Céu, enquanto
Jesus Se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco, que
disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus,
que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir
para o Céu».”
Palavra do Senhor
LEITURA II – Ef 1, 17-23
“Colocou-O
à sua direita nos Céus”
Com
a Sua Ascensão, Jesus foi plenamente glorificado pelo Pai, que O fez sentar à
Sua direita, Lhe deu todo o poder, O constituiu Chefe do novo Povo de Deus e
Senhor de todo o universo.
Vivendo
agora junto do Pai, Jesus não pertence, porém, ao passado, nem está separado de
nós, como se habitasse alturas inacessíveis. É d’Ele que jorra, continuamente,
sobre o imenso Corpo, que é a Igreja, a vida nova, recebida no Baptismo, para
desabrochar, em toda a sua força e beleza, no Céu.
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
“Irmãos: O
Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de
sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do
vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os
tesouros de glória da sua herança entre os santos e a incomensurável grandeza
do seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força
que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à sua direita
nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo
o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas também no mundo que há-de
vir. Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça
de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em
todos.”
Palavra do Senhor
EVANGELHO – Lc 24, 46-53
“Enquanto os abençoava, foi elevado ao Céu”
A
glorificação de Jesus começou na manhã de Páscoa, quando, triunfando do pecado
e da morte, nos alcançou a vida plena. Porém, a subida de Jesus ao Céu,
descrita de modo humano, de harmonia com a concepção antiga do universo, é a posse
definitiva e total da glória, que já Lhe pertencia, pela Paixão e Ressurreição.
A
glorificação de Jesus é também a glorificação da humanidade. Com efeito, pelo
perdão dos pecados, prometido a todos os povos, nós participamos da vida do
Ressuscitado, tornamo-nos membros do Seu Corpo místico, destinados à mesma
glória da Cabeça. Reconfortados por esta certeza, fortificados pelo Espírito
Santo, colaboremos para que a obra de Cristo atinja todos os homens.
Conclusão do
santo Evangelho segundo São Lucas
“Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Está escrito que o Messias havia de
sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que havia de ser pregado
em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações,
começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso. Eu vos enviarei Aquele que
foi prometido por meu Pai. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais
revestidos com a força do alto». Depois Jesus levou os discípulos até junto de
Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-Se
deles e foi elevado ao Céu. Eles prostraram-se diante de Jesus, e depois
voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo,
bendizendo a Deus.”
Palavra da Salvação
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