sábado, 8 de julho de 2017

O MEU JUGO É SUAVE E A MINHA CARGA É LEVE




14º Domingo do tempo comum – 9 Julho 2017


OS SÁBIOS E OS PEQUENINOS

Com a sua palavra e acção, Jesus revela a vontade do Pai, que é instaurar o Reino. Contudo, os sábios e inteligentes não são capazes de perceber a presença do Reino e sua justiça através de Jesus. Ao contrário, os desfavorecidos e os pobres é que conseguem penetrar o sentido dessa actividade de Jesus e continuá-la. Jesus veio tirar a carga pesada que os sábios e inteligentes haviam criado para o povo. Em troca, ele traz novo modo de viver na justiça e na misericórdia: doravante, os pobres serão evangelizados e partirão para evangelizar. A indignação de Jesus pela má vontade de alguns era compensada com a alegria de constatar a aceitação do seu testemunho por parte de outros. Enquanto os pequeninos davam mostras evidentes de estarem a captar o que lhes ia sendo revelado, os sábios e doutos iam em direcção contrária, alimentando contra Jesus um ódio sem limites. Os que se tinham por sábios e doutos eram os mestres da Lei e os fariseus. Os seus conhecimentos a respeito das Escrituras e o seu “modo exemplar” de praticar os mandamentos levavam-nos a considerarem-se superiores aos demais. O seu desprezo por Jesus era evidente. Julgavam-no incapacitado para a tarefa de mestre, por lhe faltar a devida preparação. Era um mestre improvisado e sem gabarito. Logo, merecedor de desprezo. No pólo oposto, estavam os pequeninos. Estes também eram objecto do desprezo por parte dos sábios e entendidos, que os chamavam, pejorativamente, de “gente da terra”. Marginalizados pelas estruturas religiosas, iam em busca de quem os acolhesse e ouviam quem lhes parecia ser o melhor. O encontro com Jesus dava-se nestas circunstâncias de marginalização. E a capacidade de compreender o que lhes era revelado resultava da sua busca sincera e despretensiosa da Palavra de Deus. As suas mentalidades eram menos estruturadas, portanto, suficientemente flexíveis para acolher a revelação que o Pai lhes fazia, por meio do testemunho de Jesus. Esta breve oração de louvor está também, praticamente com as mesmas palavras, no evangelho de Lucas. Ela exprime a intimidade e o conhecimento entre Jesus e o Pai. Esta união entre Jesus e o Pai, e o mútuo conhecimento, que em Mateus só aparece aqui, é um tema dominante no evangelho de João, particularmente nos capítulos 11 e 17. O louvor é a expressão da alegria. O conteúdo da oração exprime uma subversão dos valores tradicionais das sociedades que promovem o individualismo, o sucesso e o enriquecimento. Não são os sábios e entendidos, fechados em si mesmos visando a sua promoção pessoal e seu prestígio, que entenderão a simplicidade e o despojamento vivido no Reino de Deus. Estes sábios e entendidos são os auto-suficientes das elites do judaísmo e os poderosos das cidades. Eles estão bem instalados em seus privilégios e não querem mudanças, rejeitando o anúncio de Jesus. O Reino é o espaço de convívio dos pequeninos, que, conhecedores de seus limites e da sua fragilidade, solidarizam-se com os irmãos no serviço recíproco e empenham-se em comunicar a vida a todos. Assim entram em comunhão de vida eterna com o Pai. Em conclusão à oração, Jesus afirma a união de conhecimento entre ele e o Pai, que é a fonte de sua revelação ao mundo.



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 47, 10-11
Recordamos, Senhor, a vossa misericórdia no meio do vosso templo.
Toda a terra proclama o louvor do vosso nome, porque sois justo e santo, Senhor nosso Deus.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de bondade infinita, que, pela humilhação do vosso Filho, levantastes o mundo decaído, dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Zac 9, 9-10

Eis o teu Rei que vem ao teu encontro, humildemente...

A humildade e a mansidão são características do reino de Deus, e, antes de mais, do próprio Rei, Cristo Senhor. De facto, a realeza deste reino não se afirma no poder, muito menos na violência, mas na verdade, na justiça, no amor, na paz. A entrada de Jesus em Jerusalém deu realização completa a esta palavra do profeta.

Leitura da Profecia de Zacarias
“Eis o que diz o Senhor: «Exulta de alegria, filha de Sião, solta brados de júbilo, filha de Jerusalém. Eis o teu Rei, justo e salvador, que vem ao teu encontro, humildemente montado num jumentinho, filho duma jumenta. Destruirá os carros de combate de Efraim e os cavalos de guerra de Jerusalém; e será quebrado o arco de guerra. Anunciará a paz às nações: o seu domínio irá de um mar ao outro mar e do Rio até aos confins da terra».”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 144 (145), 1-2.8-9.10-11.13cd-14

Refrão: Louvarei para sempre o vosso nome,
Senhor, meu Deus e meu Rei. (Repete-se)

Ou: Aleluia. (Repete-se)

Quero exaltar-Vos, meu Deus e meu Rei,
e bendizer o vosso nome para sempre.
Quero bendizer-Vos, dia após dia,
e louvar o vosso nome para sempre. (Refrão)

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas. (Refrão)

Graças Vos dêem, Senhor, todas as criaturas
e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino
e anunciem os vossos feitos gloriosos. (Refrão)

O Senhor é fiel à sua palavra
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor ampara os que vacilam
e levanta todos os oprimidos. (Refrão)


LEITURA II – Rom 8, 9.11-13

Se pelo Espírito fizerdes morrer as obras da carne, vivereis

“Corpo”, que aqui se chama a “simples natureza” e, às vezes, também, a “carne”, significa, neste caso, não uma parte do homem em oposição a “alma”, mas o homem todo, que existe no corpo e por ele se manifesta, enquanto não está ainda sujeito ao Espírito de Deus, princípio da vida nova do homem que vive em Cristo. Quem tem em si a vida do Espírito de Cristo deve praticar as obras próprias de um homem espiritual, como o é o cristão, assim chamado precisamente porque vive animado pelo Espírito de Jesus Cristo.

Leitura da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Romanos
“Irmãos: Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas se alguém não tem o Espírito de Cristo, não Lhe pertence. Se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós. Assim, irmãos, não somos devedores à carne, para vivermos segundo a carne. Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras da carne, vivereis.”
Palavra do Senhor

ALELUIA – Mt 11, 25
Refrão: Aleluia. (Repete-se)

Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos
os mistérios do reino. (Refrão)

EVANGELHO – Mt 11, 25-30

Sou manso e humilde de coração

“Manso” e “humilde” são palavras que caracterizam os que entram no reino de Deus, e estão próximas da ideia expressa também por “pobres de Deus”, aqueles para quem as verdadeiras riquezas são os tesouros daquele reino. Esses tesouros são um mistério, um segredo, que só Jesus conhece, mas que Ele dá a conhecer aos seus. Estes hão-de compreender como é suave a Lei de Deus, caminho que leva à compreensão e posse dos verdadeiros valores da vida vividos em Deus. É a esses que, nas bem-aventuranças, está dito que “hão-de possuir a terra”, a Terra Prometida, como herança.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, Jesus exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve».”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Fazei, Senhor,
que a oblação consagrada ao vosso nome nos purifique e nos conduza, dia após dia, a viver mais intensamente a vida da graça.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 33, 9
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.

Ou – Mt 11, 28
Pai santo, Eu rogo por aqueles que hão-de acreditar em Mim, para que sejam em Nós confirmados na unidade e o mundo acredite que Tu Me enviaste.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos saciastes com estes dons tão excelentes, fazei que alcancemos os benefícios da salvação e nunca cessemos de cantar os vossos louvores.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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