17. º Domingo do tempo comum – 30
Julho 2017
“O Reino de
Deus”
Existe um evidente contraste entre a riqueza do ensinamento bíblico sobre
o “Reino” e a pobreza da ideia que dele têm os cristãos. A imagem do Reino não
lembra mais quase nada às nossas mentes. E, mesmo que continuem a persistir
algumas expressões no vocabulário eclesial corrente (construção do Reino, vinda
do Reino...), parece que perderam o seu dinamismo interior e um conteúdo claro
e definido. No entanto, o Reino constitui o objecto primário da pregação de
João Baptista e Jesus que iniciam a sua pregação como anúncio de alegria: “Está
próximo o Reino de Deus”. A Boa-nova proclamada por Jesus é, em suma, a vinda
do Reino. O que nos quer dizer Jesus?
O plano
salvífico de Deus
Usando uma expressão altamente significativa para o povo eleito (o Antigo
Testamento já esboça a doutrina do Reino!), o Messias quer anunciar a Israel
que a longa expectativa já está terminada; as promessas, que constituíam a
substância e o fundamento da sua esperança, tornaram-se agora realidade. Mas,
ao mesmo tempo, Jesus quer corrigir toda uma mentalidade que se havia
sedimentado há séculos na consciência de Israel: o Reino de Deus não consiste
na restauração da monarquia davídica, nem numa compensação de tipo nacionalista.
Jesus insere-se na linha dos profetas quando compara o Reino por ele
anunciado ao tesouro ou à pérola preciosa (evangelho), diante dos quais tudo o
mais é desprovido de valor; quando afirma que a Boa-Nova é anunciada aos pobres
e só se chega a esse Reino assumindo as exigências bem precisas que se resumem à
palavra: conversão, penitência.
Comparando o Reino com a semente, o grão de mostarda, o lêvedo, Jesus
quer dizer que este Reino já está presente, mas ainda longe a sua realização
definitiva. Edificar-se-á gradualmente, graças à fidelidade dos discípulos ao
mandamento novo do amor sem limites. Trata-se de um Reino que não é deste
mundo, embora a sua construção comece aqui. E um Reino universal, aberto a
todos, porque é o Reino do Pai, comum a todos os homens.
Reino de Deus e
Igreja
O tema do Reino de Deus e da Igreja estão estreitamente ligados, mas não
indicam a mesma realidade.
Na perspectiva da sua consumação final, a Igreja coincide verdadeiramente
com o Reino; mas, na sua realidade histórica e sociológica na terra, a Igreja é
unicamente o terreno privilegiado – e sempre ambíguo, por causa do pecado – em
que se edifica lentamente o Reino; esse Reino não está preso a nenhuma
realidade sociológica, nem mesmo de carácter religioso; vai sempre além de
qualquer realização concreta em que se manifesta.
O Reino de Deus já está presente, como uma semente; mas, é necessário que
cresça. Instaurado por Jesus, é certamente a actualização da antiga esperança,
mas terá que se edificar progressivamente em toda a face da terra. É papel dos
cristãos serem os artífices desta construção, sob o impulso do Espírito; como a
Igreja, estão eles, antes de tudo, ao serviço do Reino.
Depois dos primeiros tempos, a Igreja compreendeu que o Reino não é objecto
de expectativa passiva; para se tomar a realidade definitiva, cujo penhor se
possui, exige o esforço constante e activo de todos. No Reino de Deus, tudo lá
está realizado – mas, tudo deve ainda realizar-se –, e realiza-se cada dia com
a intervenção conjunta, em Cristo Jesus, de Deus e dos homens.
A Igreja, germe
e início do Reino
Até há pouco tempo, o perigo para os cristãos era identificar o Reino de
Deus com a Igreja-instituição. Hoje, parece verificar-se o perigo contrário,
isto é, o de se esquecer de que a Igreja não se identifica com o Reino; “constitui,
na terra, o germe e o início deste Reino”
A evangelização, sensível aos valores humanos actuais, esforça-se por se inserir
cada vez mais profundamente na vida, na situação e na cultura humana; mas inclina-se
a transferir para um futuro não facilmente previsível o convite à conversão, a
pregação da mensagem, a proposta de uma inserção plena na Igreja, por respeito
aos tempos de maturação e aos ritmos lentos da conversão. O perigo está numa
falsa concepção da missão da Igreja, e na inconsciente tentativa de reduzir a
dimensão do cristianismo. Certa catequese, por exemplo, para ser fiel ao homem já
não é fiel a Deus, e assim trai a fidelidade radical ao homem, cujo plano
coincide com o de Deus.
MISSA
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ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo 67, 6-7.36
Deus vive na sua morada santa, Ele prepara
uma casa para o pobre.
É a força e o vigor do seu povo.
ORAÇÃO COLECTA
Deus,
protector dos que em Vós esperam, sem Vós nada tem valor, nada é santo. Multiplicai
sobre nós a vossa misericórdia, para que, conduzidos por Vós, usemos de tal
modo os bens temporais que possamos aderir desde já aos bens eternos.
Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
LEITURA I – 1 Reis 3, 5.7-12
“Pediste a sabedoria”
O maior tesouro é a sabedoria. A sabedoria é o dom
de saber orientar a vida segundo os critérios de Deus. Mas quem tem a peito
pedi-la ao Senhor, antes de todos os outros bens como fez Salomão? De tal modo
agradou ao Senhor esta primeira preocupação de Salomão que, juntamente com a
sabedoria, a única coisa que ele pedira, o Senhor lhe deu tudo o mais.
Leitura do Primeiro Livro dos
Reis
“Naqueles dias, o Senhor
apareceu em sonhos a Salomão durante a noite e disse-lhe: «Pede o que
quiseres». Salomão respondeu: «Senhor, meu Deus, Vós fizestes reinar o vosso
servo em lugar do meu pai David e eu sou muito novo e não sei como proceder.
Este vosso servo está no meio do povo escolhido, um povo imenso, inumerável,
que não se pode contar nem calcular. Dai, portanto, ao vosso servo um coração
inteligente, para governar o vosso povo, para saber distinguir o bem do mal;
pois, quem poderia governar este vosso povo tão numeroso?». Agradou ao Senhor
esta súplica de Salomão e disse-lhe: «Porque foi este o teu pedido, e já que
não pediste longa vida, nem riqueza, nem a morte dos teus inimigos, mas
sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu desejo. Dou-te um
coração sábio e esclarecido, como nunca houve antes de ti nem haverá depois de
ti».”
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL – Sal. 118 (119),
57.72.76-77.127-128.129-130
Refrão: Quanto amo, Senhor, a vossa lei! (Repete-se)
Senhor, eu disse: A
minha herança
é cumprir as vossas
palavras.
Para mim vale mais
a lei da vossa boca
do que milhões em
ouro e prata. (Refrão)
Console-me a vossa
bondade,
segundo a promessa
feita ao vosso servo.
Desçam sobre mim as
vossas misericórdias e viverei,
porque a vossa lei
faz as minhas delícias. (Refrão)
Por isso, eu amo os
vossos mandamentos,
mais que o ouro, o
ouro mais fino.
Por isso, eu sigo
todos os vossos preceitos
e detesto todo o
caminho da mentira. (Refrão)
São admiráveis as
vossas ordens,
por isso, a minha
alma as observa.
A manifestação das
vossas palavras ilumina
e dá inteligência
aos simples. (Refrão)
LEITURA II – Rom 8, 28-30
“Predestinou-nos
para sermos conformes à imagem do seu Filho”
Deus chamou-nos para
nos integrarmos em Cristo. É esse o desígnio que Deus tem sobre nós e que se
vai realizando, progressivamente, até chegar à plenitude, a qual só se
encontrará na glória celeste. É o que esta leitura quer significar com a
sucessiva acção de Deus em nós, pela qual Ele pretende levar-nos a participar
plenamente na glória de Cristo.
Leitura da Epístola do apóstolo
S. Paulo aos Romanos
“Irmãos: Nós sabemos que Deus
concorre em tudo para o bem daqueles que O amam, dos que são chamados, segundo
o seu desígnio. Porque os que Ele de antemão conheceu, também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o Primogénito
de muitos irmãos. E àqueles que predestinou, também os chamou; àqueles que
chamou, também os justificou; e àqueles que justificou, também os glorificou.”
Palavra do Senhor
ALELUIA – Mt 11, 25
Refrão: Aleluia. (Repete-se)
Bendito sejais, ó
Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes
aos pequeninos
os mistérios do
reino. (Refrão)
EVANGELHO – Mt 13, 44-52
“Vendeu
tudo quanto possuía para comprar aquele campo”
Com três parábolas,
a do tesouro escondido no campo, a do negociante de pérolas e a da rede lançada
ao mar, o Senhor ensina-nos o caminho da sabedoria para encontrar o reino dos
Céus, como fará o “escriba bem avisado”, de que também nos fala a leitura.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo, disse Jesus aos
seus discípulos: «O reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num
campo. O homem que o encontrou tornou a escondê-lo e ficou tão contente que foi
vender tudo quanto possuía e comprou aquele campo. O reino dos Céus é
semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de
grande valor, foi vender tudo quanto possuía e comprou essa pérola. O reino dos
Céus é semelhante a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de
peixes. Logo que se enche, puxam-na para a praia e, sentando-se, escolhem os
bons para os cestos e o que não presta deitam-no fora. Assim será no fim do
mundo: os Anjos sairão a separar os maus do meio dos justos e a lançá-los na
fornalha ardente. Aí haverá choro e ranger de dentes. Entendestes tudo isto?»
Eles responderam-Lhe: «Entendemos». Disse-lhes então Jesus: «Por isso, todo o
escriba instruído sobre o reino dos Céus é semelhante a um pai de família que
tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas».”
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons que recebemos da
vossa generosidade e trazemos ao vosso altar, e fazei que estes sagrados
mistérios, por obra da vossa graça, nos santifiquem na vida presente e nos
conduzam às alegrias eternas.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO – Salmo 102, 2
Bendiz, ó
minha alma, o Senhor
e não
esqueças os seus benefícios.
Ou – Mt 5, 7-8
Bem-aventurados
os misericordiosos,
porque
alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados
os puros de coração,
porque
verão a Deus.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos
destes a graça de participar neste divino sacramento, memorial perene da paixão
do vosso Filho, fazei que este dom do seu amor infinito sirva para a nossa
salvação.
Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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