sábado, 8 de abril de 2017

PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO SEGUNDO MATEUS




Domingo de Ramos

PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

A celebração da Páscoa marcava a noite em que o povo de Deus foi libertado da escravidão do Egipto. Jesus vai ser morto como o novo cordeiro pascal: a sua vida e morte são o início de novo modo de vida, no qual haverá mais escravidão do dinheiro e do poder.
A ceia pascal de Jesus com os discípulos recorda a multiplicação dos pães. Ela substitui as cerimónias do Templo e torna-se o centro vital da comunidade formada pelos que seguem a Jesus. O gesto e as palavras de Jesus não são apenas afirmação da sua presença sacramental no pão e no vinho. Manifestam também o sentido profundo da sua vida e morte, isto é: Jesus viveu e morreu como dom gratuito, como entrega de si mesmos aos outros, opondo-se a uma sociedade em que as pessoas vivem para si mesmas e para seus próprios interesses. Na ausência de Jesus, os discípulos são convidados a fazer o mesmo (“tomem”): partilhar o pão com os pobres e viver para os outros.
Jesus sabe que vai ser traído por um discípulo e abandonado pelos outros. Mostra assim a plena gratuidade do seu dom, sendo fiel aos discípulos até o fim: marca um novo encontro na Galileia (cf. 16,7). Aí Jesus reunirá novamente os discípulos para continuar a sua acção.
O que se passa no íntimo de Jesus? Uma luta dramática, em que se confrontam a companhia e a solidão, o medo e a serenidade, a coragem de continuar o projecto até o fim e a vontade de desistir e fugir. A oração é a fonte que reanima o projecto de vida segundo a vontade do Pai; a vigilância impede que o homem se torne inconsciente diante das situações.
Um dos discípulos alia-se ao poder repressivo das autoridades e trai Jesus com um gesto de amizade. Um dos presentes tenta defender Jesus com as mesmas armas dos opressores. Por fim, todos fogem e Jesus fica sozinho e preso. Aquele que realiza o projecto de Deus e atrai o povo é considerado pelos poderosos como bandido perigoso. Mas, eles não têm coragem de prendê-lo à luz do dia.
Para as autoridades, Jesus é réu, e elas já tinham decretado a morte dele. Agora, montam um processo teatral e falso para justificar o tal decreto. Jesus não se defende, porque as acusações realmente não o culpam de nada. No projecto de Deus, as coisas invertem-se: este homem, condenado por uma sociedade injusta, é o Messias, o Filho de Deus, que inaugura a sociedade justa do Reino de Deus. Por isso, de réu ele passa a ser juiz (O Filho do Homem: cf; Dn 7,13), que condena o sistema causador de sua morte. As duas forças que se chocam são inconciliáveis, e o rompimento é inevitável (rasgar as vestes).
Enquanto Jesus fala corajosamente diante das autoridades, Pedro não é capaz de vigiar e cai na tentação de abandonar o seguimento de Jesus, negando-o cobardemente diante de pessoas simples.
O quadro é sombrio. Judas enche-se de remorso e proclama a inocência de Jesus diante da indiferença das autoridades. As trinta moedas mostram que Jesus foi traído pelo preço de um escravo.
Sob a dominação romana, o Sinédrio podia condenar à morte, mas não podia executar a sentença. Por isso, Jesus é entregue ao governador romano, sob a falsa acusação de ser um subversivo político que pretende retomar o reino judaico contra a dominação romana. O processo diante de Pilatos é também uma grande farsa dominada pelos interesses de ambas as autoridades. Jesus ou Barrabás? Pilatos prefere Jesus, porque não o vê como perigo para a autoridade romana; além disso, desconhece o alcance do projecto de Jesus. As autoridades dos judeus sabem muito bem que Jesus é mais perigoso para a estrutura interna do país do que Barrabás. A multidão fica do lado das autoridades, porque depende delas e porque agora estão enfrentando a autoridade estrangeira. Pressionado, Pilatos defende o seu próprio prestígio e entrega Jesus à multidão. Barrabás torna-se uma peça do jogo de interesses entre as autoridades; Jesus não participa da farsa e é condenado. Se ele fosse solto estaria negando todo o seu projecto.
A mulher de Pilatos, pagã, reconhece que Jesus é justo (v.19). Enquanto isso, o povo, enganado pelas autoridades, pede a morte de Jesus, acreditando estar fazendo o bem.
Revestido com todos os sinais de poder (púrpura, coroa, ceptro e adoração), Jesus é motivo de zombaria. Mas, despojado desse poder, ao retornar as próprias vestes, ele se revela como o verdadeiro Rei: aquele que entrega a sua vida para salvar o seu povo.
Jesus está completamente só. Seu corpo poderoso é reduzido à fraqueza extrema. Contudo, ele até ao fim permanece consciente da sua entrega e recusa a bebida entorpecente. A inscrição, com o motivo da sentença, inaugura na história o tempo da realeza que não oprime, mas que dá a própria vida. As chacotas revelam a verdadeira identidade de Jesus: ele é o novo Templo e o Messias-Rei que não age em função dos seus próprios interesses.
No meio do aparente fracasso, a fé descobre todo o significado da morte de Jesus. Com ela chega o dia do julgamento e começa a era da ressurreição: todo o sistema que gera a morte é desmascarado e a vida manifesta-se em plenitude. A salvação está aberta para todos aqueles que confessam que Jesus é o Filho de Deus.
Jesus morre, e seu corpo é encerrado num túmulo. Aparentemente, a história acabou. Todavia, as mulheres estão aí à espera: alguma coisa vai acontecer. O próprio sistema que condenou Jesus não está tranquilo.


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA
Seis dias antes da Páscoa,
o Senhor entrou em Jerusalém
e as crianças vieram ao seu encontro,
com ramos de palmeira, cantando com alegria:

* Hossana nas alturas.
Bendito sejais, Senhor,
que vindes trazer ao mundo a misericórdia de Deus.

Levantai, ó portas, os vossos umbrais, Salmo 23, 9-10
alteai-vos, pórticos antigos,
e entrará o Rei da glória.
Quem é esse Rei da glória?
O Senhor dos Exércitos,
é Ele o Rei da glória.

* Hossana nas alturas.
Bendito sejais, Senhor,
que vindes ao mundo trazer a misericórdia de Deus.

ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, que, para dar aos homens o exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e padecesse o suplício da cruz, fazei que sigamos os ensinamentos da sua paixão, para merecermos tomar parte na glória da sua ressurreição. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I – Is. 50, 4-7

Não desviei o meu rosto dos que Me ultrajavam, mas sei que não ficarei desiludido

Esta leitura é um dos chamados “Cânticos do Servo do Senhor”. Este Servo revela-se plenamente em Jesus, na sua Paixão: Ele escuta a palavra do Pai e responde-lhe cheio de confiança, oferecendo-Se, em obediência total, pela salvação dos homens.

Leitura do Livro de Isaías
“O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.”
Palavra do Senhor

SALMO RESPONSORIAL – Sal. 21 (22), 8-9.17-18a.19-20.23-24 (R. 2a)
Refrão: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes? (Repete-se)

Todos os que me vêem escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça:
«Confiou no Senhor, Ele que o livre,
Ele que o salve, se é seu amigo». (Refrão)

Matilhas de cães me rodearam,
cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,
posso contar todos os meus ossos. (Refrão)

Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,
sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me. (Refrão)

Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós, que temeis o Senhor, louvai-O,
glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel. (Refrão)

LEITURA II – Filip 2, 6-11

Humilhou-Se a Si próprio; por isso Deus O exaltou

Esta leitura é também um cântico, mas agora do Novo Testamento, muito provavelmente em uso nas primitivas comunidades cristãs. Nele é celebrado o Mistério Pascal: Cristo fez-Se um de nós, obedeceu aos desígnios do Pai e humilhou-Se até à morte, e foi, por isso, exaltado até à glória de “Senhor”, que é a própria glória de Deus.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
“Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.”
Palavra do Senhor

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Filip 2, 8-9
Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória. (Repete-se)

Cristo obedeceu até à morte
e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou
e Lhe deu um nome
que está acima de todos os nomes. (Refrão)

EVANGELHO – Mt 26, 14 – 27, 66 (forma longa)

Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

Todos os evangelistas apresentam a história da Paixão do Senhor. São Mateus escreve tendo em vista sobretudo os cristãos que vêm do meio dos judeus. Estes conhecem muito bem o Antigo Testamento e, por isso, ele faz referências frequentes a passagens deste Testamento nas quais manifesta que o que nelas estava anunciado se realizou na Paixão de Jesus. O Senhor é, de facto, o ponto de chegada de tudo o que antes tinha sido profetizado.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“Naquele tempo,
um dos doze, chamado Judas Iscariotes,
foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes:
R         «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?».
N         Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.
E a partir de então,
Judas procurava uma oportunidade para O entregar.
No primeiro dia dos Ázimos,
os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe:
R         «Onde queres que façamos os preparativos
para comer a Páscoa?».
N         Ele respondeu:
J          «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe:
‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo.
É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa
com os meus discípulos’».
N         Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado
e prepararam a Páscoa.
Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, declarou:
J          «Em verdade vos digo: Um de vós há-de entregar-Me».
N         Profundamente entristecidos,
começou cada um a perguntar-Lhe:
R         «Serei eu, Senhor?».
N         Jesus respondeu:
J          «Aquele que meteu comigo a mão no prato
é que há-de entregar-Me.
O Filho do homem vai partir,
como está escrito acerca d’Ele.
Mas ai daquele por quem o Filho do homem
vai ser entregue!
Melhor seria para esse homem não ter nascido».
N         Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou:
R         «Serei eu, Mestre?».
N         Respondeu Jesus:
J          «Tu o disseste».
N         Enquanto comiam,
Jesus tomou o pão, recitou a bênção,
partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo:
J          «Tomai e comei: Isto é o meu Corpo».
N         Tomou em seguida um cálice,
deu graças e entregou-lho, dizendo:
J          «Bebei dele todos,
porque este é o meu Sangue, o Sangue da aliança,
derramado pela multidão,
para remissão dos pecados.
Eu vos digo que não beberei mais deste fruto da videira,
até ao dia em que beberei convosco
o vinho novo no reino de meu Pai».
N         Cantaram os salmos
e seguiram para o monte das Oliveiras.
N         Então, Jesus disse-lhes:
J          «Todos vós, esta noite, vos escandalizareis
por minha causa,
como está escrito:
‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas do rebanho’.
Mas, depois de ressuscitar,
preceder-vos-ei a caminho da Galileia».
N         Pedro interveio, dizendo:
R         «Ainda que todos se escandalizem por tua causa,
eu não me escandalizarei».
N         Jesus respondeu-lhe:
J          «Em verdade te digo:
Esta mesma noite, antes de o galo cantar,
Me negarás três vezes».
N         Pedro disse-lhe:
R         «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».
N         E o mesmo disseram todos os discípulos.
Então, Jesus chegou com eles a uma propriedade,
chamada Getsémani,
e disse aos discípulos:
J          «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar».
N         E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu,
começou a entristecer-Se e a angustiar-Se.
Disse-lhes então:
J          «A minha alma está numa tristeza de morte.
Ficai aqui e vigiai comigo».
N         E adiantando-Se um pouco mais,
caiu com o rosto por terra,
enquanto orava e dizia:
J          «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice.
Todavia, não se faça como Eu quero,
mas como Tu queres».
N         Depois, foi ter com os discípulos,
encontrou-os a dormir e disse a Pedro:
J          «Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo!
Vigiai e orai, para não cairdes em tentação.
O espírito está pronto, mas a carne é fraca».
N         De novo Se afastou, pela segunda vez, e orou, dizendo:
J          «Meu Pai,
se este cálice não pode passar sem que Eu o beba,
faça-se a tua vontade».
N         Voltou novamente e encontrou-os a dormir,
pois os seus olhos estavam pesados de sono.
Deixou-os e foi de novo orar, pela terceira vez,
repetindo as mesmas palavras.
Veio então ao encontro dos discípulos e disse-lhes:
J          «Dormi agora e descansai.
Chegou a hora em que o Filho do homem
vai ser entregue às mãos dos pecadores.
Levantai-vos, vamos.
Aproxima-se aquele que Me vai entregar».
N         Ainda Jesus estava a falar,
quando chegou Judas, um dos Doze,
e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus,
enviada pelos príncipes dos sacerdotes
e pelos anciãos do povo.
O traidor tinha-lhes dado este sinal:
R         «Aquele que eu beijar, é esse mesmo. Prendei-O».
N         Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse-Lhe:
R         «Salve, Mestre!».
N         E beijou-O.
Jesus respondeu- lhe:
J          «Amigo, a que vieste?».
N         Então avançaram, deitaram as mãos a Jesus
e prenderam-n’O.
Um dos que estavam com Jesus levou a mão à espada,
desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha.
Jesus disse-lhe:
J          «Mete a tua espada na bainha,
pois todos os que puxarem da espada morrerão à espada.
Pensas que não posso rogar a meu Pai
que ponha já ao meu dispor
mais de doze legiões de Anjos?
Mas como se cumpririam as Escrituras,
segundo as quais assim tem de acontecer?».
N         Voltando-Se depois para a multidão, Jesus disse:
J          «Viestes com espadas e varapaus para Me prender
como se fosse um salteador!
Eu estava todos os dias sentado no templo a ensinar
e não Me prendestes...
Mas, tudo isto aconteceu
para se cumprirem as Escrituras dos profetas».
N         Então todos os discípulos O abandonaram e fugiram.
N         Os que tinham prendido Jesus
levaram-n’O à presença do sumo sacerdote Caifás,
onde os escribas e os anciãos se tinham reunido.
Pedro foi-O seguindo de longe,
até ao palácio do sumo sacerdote.
Aproximando-se, entrou e sentou-se com os guardas,
para ver como acabaria tudo aquilo.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio
procuravam um testemunho falso contra Jesus
para O condenarem à morte,
mas não o encontravam,
embora se tivessem apresentado
muitas testemunhas falsas.
Por fim, apresentaram-se duas que disseram:
R         «Este homem afirmou:
‘Posso destruir o templo de Deus
e reconstruí-lo em três dias’».
N         Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a Jesus:
R         «Não respondes nada?
Que dizes ao que depõem contra Ti?».
N         Mas Jesus continuava calado.
Disse-Lhe o sumo sacerdote:
R         «Eu Te conjuro pelo Deus vivo,
que nos declares se és Tu o Messias, o Filho de Deus».
N         Jesus respondeu-lhe:
J          «Tu o disseste.
E Eu digo-vos: vereis o Filho do homem
sentado à direita do Todo-poderoso,
vindo sobre as nuvens do céu».
N         Então o sumo sacerdote rasgou as vestes, dizendo:
R         «Blasfemou.
Que necessidade temos de mais testemunhas?
Acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece?».
N         Eles responderam:
R         «É réu de morte».
N         Cuspiram-Lhe então no rosto e deram-Lhe punhadas.
Outros esbofeteavam-n’O, dizendo:
R         «Adivinha, Messias: quem foi que Te bateu?».
N         Entretanto, Pedro estava sentado no pátio.
Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe:
R         «Tu também estavas com Jesus, o galileu».
N         Mas ele negou diante de todos, dizendo:
R         «Não sei o que dizes».
N         Dirigindo-se para a porta,
foi visto por outra criada que disse aos circunstantes:
R         «Este homem estava com Jesus de Nazaré».
N         E, de novo, ele negou com juramento:
R         «Não conheço tal homem».
N         Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam
e disseram a Pedro:
R         «Com certeza tu és deles, pois até a fala te denuncia».
N         Começou então a dizer imprecações e a jurar:
R         «Não conheço tal homem».
N         E, imediatamente, um galo cantou.
Então, Pedro lembrou-se das palavras que Jesus dissera:
«Antes de o galo cantar, tu Me negarás três vezes».
E, saindo, chorou amargamente.
Ao romper da manhã,
todos os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo
se reuniram em conselho contra Jesus,
para Lhe darem a morte.
Depois de Lhe atarem as mãos,
levaram-n’O e entregaram-n’O ao governador Pilatos.
Então Judas, que entregara Jesus,
vendo que Ele tinha sido condenado,
tocado pelo remorso, devolveu as trinta moedas de prata
aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo:
R         «Pequei, entregando sangue inocente».
N         Mas eles replicaram:
R         «Que nos importa? É lá contigo».
N         Então arremessou as moedas para o santuário,
saiu dali e foi-se enforcar.
Mas os príncipes dos sacerdotes
apanharam as moedas e disseram:
R         «Não se podem lançar no tesouro,
porque são preço de sangue».
N         E, depois de terem deliberado,
compraram com elas o Campo do Oleiro,
que servia para a sepultura dos estrangeiros.
Por este motivo se tem chamado àquele campo,
até ao dia de hoje, «Campo de Sangue».
Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta:
«Tomaram trinta moedas de prata,
preço em que foi avaliado
Aquele que os filhos de Israel avaliaram
e deram-nas pelo Campo do Oleiro,
como o Senhor me tinha ordenado».
N         Entretanto, Jesus foi levado à presença do governador,
que lhe perguntou:
R         «Tu és o Rei dos judeus?».
N         Jesus respondeu:
J          «É como dizes».
N         Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes
e pelos anciãos, nada respondeu.
Disse-Lhe então Pilatos:
R         «Não ouves quantas acusações levantam contra Ti?».
N         Mas Jesus não respondeu coisa alguma,
a ponto de o governador ficar muito admirado.
Ora, pela festa da Páscoa,
o governador costumava soltar um preso,
à escolha do povo.
Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás.
E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos:
R         «Qual quereis que vos solte?
Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?».
N         Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja.
Enquanto estava sentado no tribunal,
a mulher mandou-lhe dizer:
R         «Não te prendas com a causa desse justo,
pois hoje sofri muito em sonhos por causa d’Ele».
N         Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos
persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás
e fizesse morrer Jesus.
O governador tomou a palavra e perguntou-lhes:
R         «Qual dos dois quereis que vos solte?».
N         Eles responderam:
R         «Barrabás».
N         Disse-lhes Pilatos:
R         «E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?».
N         Responderam todos:
R         «Seja crucificado».
N         Pilatos insistiu:
R         «Que mal fez Ele?».
N         Mas eles gritavam cada vez mais:
R         «Seja crucificado».
N         Pilatos, vendo que não conseguia nada
e aumentava o tumulto,
mandou vir água
e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo:
R         «Estou inocente do sangue deste homem.
Isso é lá convosco».
N         E todo o povo respondeu:
R         «O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
N         Soltou-lhes então Barrabás.
E, depois de ter mandado açoitar Jesus,
entregou-lh’O para ser crucificado.
Então os soldados do governador
levaram Jesus para o pretório
e reuniram à volta d’Ele toda a coorte.
Tiraram-Lhe a roupa
e envolveram-n’O num manto vermelho.
Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça
e colocaram uma cana na sua mão direita.
Ajoelhando diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo:
R         «Salve, Rei dos judeus!».

N         Depois, cuspiam-Lhe no rosto
e, pegando na cana, batiam-Lhe com ela na cabeça.
Depois de O terem escarnecido,
tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas
e levaram-n’O para ser crucificado.
N         Ao saírem,
encontraram um homem de Cirene, chamado Simão,
e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus.
Chegados a um lugar chamado Gólgota,
que quer dizer lugar do Calvário,
deram-Lhe a beber vinho misturado com fel.
Mas Jesus, depois de o provar, não quis beber.
Depois de O terem crucificado,
repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte,
e ficaram ali sentados a guardá-l’O.
Por cima da sua cabeça puseram um letreiro,
indicando a causa da sua condenação:
«Este é Jesus, o Rei dos judeus».
Foram crucificados com Ele dois salteadores,
um à direita e outro à esquerda.
Os que passavam insultavam-n’O
e abanavam a cabeça, dizendo:
R         «Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias,
salva-Te a Ti mesmo;
se és Filho de Deus, desce da cruz».
N         Os príncipes dos sacerdotes,
juntamente com os escribas e os anciãos,
também troçavam d’Ele, dizendo:
R         «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!
Se é o Rei de Israel,
desça agora da cruz e acreditaremos n’Ele.
Confiou em Deus:
Ele que O livre agora, se O ama,
porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’».
N         Até os salteadores crucificados com Ele O insultavam.
Desde o meio-dia até às três horas da tarde,
as trevas envolveram toda a terra.
E, pelas três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
J          «Eli, Eli, lemá sabactáni?»,
N         que quer dizer:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
R         «Está a chamar por Elias».
N         Um deles correu a tomar uma esponja,
embebeu-a em vinagre,
pô-la na ponta duma cana e deu-Lhe a beber.
Mas os outros disseram:
R         «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O».
N         E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.
N         Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes,
de alto a baixo;
a terra tremeu e as rochas fenderam-se.
Abriram-se os túmulos
e muitos dos corpos de santos que tinham morrido
ressuscitaram;
e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus,
entraram na cidade santa e apareceram a muitos.
Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus,
ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer,
ficaram aterrados e disseram:
R         «Este era verdadeiramente Filho de Deus».
N         Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres
que tinham seguido Jesus desde a Galileia,
para O servirem.
Entre elas encontrava-se Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago e de José,
e a mãe dos filhos de Zebedeu.
Ao cair da tarde,
veio um homem rico de Arimateia, chamado José,
que também se tinha tornado discípulo de Jesus.
Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.
E Pilatos ordenou que lho entregassem.
José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo
e depositou-o no seu sepulcro novo,
que tinha mandado escavar na rocha.
Depois rolou uma grande pedra para a entrada do sepulcro
e retirou-se.
Entretanto, estavam ali Maria Madalena e a outra Maria,
sentadas em frente do sepulcro.
No dia seguinte, isto é, depois da Preparação,
os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
foram ter com Pilatos e disseram-lhe:
R         «Senhor, lembrámo-nos do que aquele impostor disse
quando ainda era vivo:
‘Depois de três dias ressuscitarei’.
Por isso, manda que o sepulcro
seja mantido em segurança
até ao terceiro dia,
para que não venham os discípulos roubá-lo
e dizer ao povo: ‘Ressuscitou dos mortos’.
E a última impostura seria pior do que a primeira».
N         Pilatos respondeu:
R         «Tendes à vossa disposição a guarda:
ide e guardai-o como entenderdes».
N         Eles foram e guardaram o sepulcro,
selando a pedra e pondo a guarda.
Palavra da salvação.


EVANGELHO – Forma breve       Mt 27, 11-54
N         Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Mateus
Naquele tempo,
Jesus foi levado à presença do governador Pilatos,
que lhe perguntou:
R         «Tu és o Rei dos judeus?».
N         Jesus respondeu:
J          «É como dizes».
N         Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes
e pelos anciãos, nada respondeu.
Disse-Lhe então Pilatos:
R         «Não ouves quantas acusações levantam contra Ti?».
N         Mas Jesus não respondeu coisa alguma,
a ponto de o governador ficar muito admirado.
Ora, pela festa da Páscoa,
o governador costumava soltar um preso, à escolha do povo.
Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás.
E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos:
R         «Qual quereis que vos solte?
Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?».
N         Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja.
Enquanto estava sentado no tribunal,
a mulher mandou-lhe dizer:
R         «Não te prendas com a causa desse justo,
pois hoje sofri muito em sonhos por causa d’Ele».
N         Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos
persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás
e fizesse morrer Jesus.
O governador tomou a palavra e perguntou-lhes:
R         «Qual dos dois quereis que vos solte?».
N         Eles responderam:
R         «Barrabás».
N         Disse-lhes Pilatos:
R         «E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?».
N         Responderam todos:
R         «Seja crucificado».
N         Pilatos insistiu:
R         «Que mal fez Ele?».
N         Mas eles gritavam cada vez mais:
R         «Seja crucificado».
N         Pilatos, vendo que não conseguia nada
e aumentava o tumulto,
mandou vir água
e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo:
R         «Estou inocente do sangue deste homem.
Isso é lá convosco».
N         E todo o povo respondeu:
R         «O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
N         Soltou-lhes então Barrabás.
E, depois de ter mandado açoitar Jesus,
entregou-lh’O para ser crucificado.
Então os soldados do governador
levaram Jesus para o pretório
e reuniram à volta d’Ele toda a coorte.
Tiraram-Lhe a roupa e envolveram-n’O
num manto vermelho.
Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça
e colocaram uma cana na sua mão direita.
Ajoelhando diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo:
R         «Salve, Rei dos judeus!».
N         Depois, cuspiam-Lhe no rosto
e, pegando na cana, batiam-Lhe com ela na cabeça.
Depois de O terem escarnecido,
tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas
e levaram-n’O para ser crucificado.
N         Ao saírem,
encontraram um homem de Cirene, chamado Simão,
e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus.
Chegados a um lugar chamado Gólgota,
que quer dizer lugar do Calvário,
deram-Lhe a beber vinho misturado com fel.
Mas Jesus, depois de o provar, não quis beber.
Depois de O terem crucificado,
repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte,
e ficaram ali sentados a guardá-l’O.
Por cima da sua cabeça puseram um letreiro,
indicando a causa da sua condenação:
«Este é Jesus, o Rei dos judeus».
Foram crucificados com Ele dois salteadores,
um à direita e outro à esquerda.
Os que passavam insultavam-n’O
e abanavam a cabeça, dizendo:
R         «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias,
salva-Te a Ti mesmo;
se és Filho de Deus, desce da cruz».
N         Os príncipes dos sacerdotes,
juntamente com os escribas e os anciãos,
também troçavam d’Ele, dizendo:
R         «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!
Se é o Rei de Israel,
desça agora da cruz e acreditaremos n’Ele.
Confiou em Deus:
Ele que O livre agora, se O ama,
porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’».
N         Até os salteadores crucificados com Ele O insultavam.
Desde o meio-dia até às três horas da tarde,
as trevas envolveram toda a terra.
E, pelas três horas da tarde,
Jesus clamou com voz forte:
J          «Eli, Eli, lemá sabactáni?»,
N         que quer dizer:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
R         «Está a chamar por Elias».
N         Um deles correu a tomar uma esponja,
embebeu-a em vinagre,
pô-la na ponta duma cana e deu-Lhe a beber.
Mas os outros disseram:
R         «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O».
N         E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.
N         Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes,
de alto a baixo;
a terra tremeu e as rochas fenderam-se.
Abriram-se os túmulos
e muitos dos corpos de santos que tinham morrido
ressuscitaram;
e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus,
entraram na cidade santa e apareceram a muitos.
Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus,
ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer,
ficaram aterrados e disseram:
R         «Este era verdadeiramente Filho de Deus».”
Palavra da Salvação

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Pela paixão do vosso Filho Unigénito, apressai, Senhor, a hora da nossa reconciliação: concedei-nos, por este único e admirável sacrifício, a misericórdia que nossos pecados não merecem. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO - Mt 25, 42
Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-Se a tua vontade.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Saciados com estes dons sagrados, nós Vos pedimos, Senhor: assim como, pela morte do vosso Filho, nos fizestes esperar o que a nossa fé nos promete, fazei-nos também chegar, pela sua ressurreição, às alegrias do reino que esperamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.



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