5.º Domingo da
Quaresma
“Jesus é a ressurreição e a vida”
A narrativa da ressurreição de Lázaro corresponde ao último dos sete
sinais de libertação realizados por Jesus no Evangelho de João. Os relatos dos
sete sinais procuram levar os cristãos a reflectir sobre o sentido profundo dos
factos da vida humana: a falta de vinho numa festa de casamento (2,1-12), a
doença do filho de um funcionário real (4,46-54), o paralítico à beira da
piscina de Betesda (5,1-18), a fome do povo (6,1-15), o barco dos discípulos
ameaçado pelas águas do mar (6,16-21), o cego de nascença (9,1-41) e,
finalmente, a morte de Lázaro. Todos eles visam apresentar Jesus como o Messias
que veio para resgatar a vida plena para os seres humanos. Em cada sinal,
percebe-se um propósito pedagógico: a representação de um caminho novo apontado
por Jesus para derrubar todas as barreiras que impedem a pessoa de realizar-se
plenamente.
Jesus é o “Bom Pastor” que dá a vida pelas suas ovelhas (cf. 10,11). Ele
é o verdadeiro caminho para a vida com dignidade e liberdade, vencendo as
causas de todos os males. Vence a própria morte: é a vida definitiva. Somente
os que crêem em Jesus, com convicção, compreendem e acolhem essa verdade.
Portanto, a finalidade principal dos sinais é levar os discípulos à fé
autêntica. Ao informar que Lázaro havia morrido e, por isso, iria ao seu
encontro, Jesus diz aos discípulos: “É para que vocês creiam” (11,15). Também
lemos no final do evangelho: “Jesus fez ainda muitos outros sinais, que não se
acham escritos neste livro. Esses, porém, foram escritos para que vocês creiam
que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham a vida em seu
nome” (20,30-31).
As personagens que aparecem no relato – Marta, Maria e os judeus – reflectem
diferentes concepções a respeito de Jesus. Primeiramente, podemos observar o
comportamento de Marta. Sabendo que Jesus chegara a Betânia, “saiu ao seu
encontro” e a ele se dirigiu, chamando-o pelos títulos cristológicos de
“Senhor” e “Filho de Deus”. Diante da promessa da ressurreição, declara-lhe
convictamente a sua fé: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de
Deus que vem ao mundo”. E vai anunciar à sua irmã Maria, que, por sua vez,
imediatamente segue ao encontro de Jesus, mas não consegue declarar a fé nele
como fez Marta. Está ainda angustiada e paralisada diante da realidade da morte.
Já os judeus apenas seguem Maria, sem ter consciência de ir ao encontro de
Jesus e muito menos fazer-lhe alguma confissão de fé.
São três modos de comportar-se diante de Jesus. O comportamento de Marta
é o retrato das pessoas de fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, Salvador da
humanidade. Para os que acreditam nele, a ressurreição é uma realidade não
apenas para o futuro, mas para o presente. Toda atitude em favor da vida é
sinal de ressurreição e gesto de glorificação a Deus, criador e libertador.
Os autores do evangelho fazem questão de mostrar o rosto humano de Jesus.
Ele participa da dor das pessoas que sofrem, comove-se e chora. Sua comoção,
porém, pode ser traduzida como impaciência com a falta de fé tanto de Maria
como dos judeus. E, para além das lamentações, Jesus reza ao Pai para que,
diante desse sinal definitivo da ressurreição, “eles acreditem” nele como
enviado de Deus.
Lázaro (cujo nome significa “Deus ajuda”) está enterrado há quatro dias.
O “quarto dia” refere-se ao tempo depois da morte de Jesus; é o tempo das
comunidades que crêem em Jesus morto e ressuscitado. Portanto, é o tempo da
graça por excelência, que deve ser vivido de forma totalmente nova. Lázaro e as
comunidades cristãs são chamados a sair dos túmulos do medo, da acomodação, do
egoísmo e da tristeza; são chamados a “desatar-se” das amarras dos sistemas que
oprimem e matam. As pessoas de fé autêntica, seguidoras de Jesus, são
verdadeiramente livres. O “quarto dia” é o tempo da ressurreição, dom de Deus.
ANTÍFONA DE ENTRADA – Salmo
42, 1-2
Fazei-me justiça, meu Deus,
defendei a minha causa contra a gente sem piedade,
livrai-me do homem desleal e perverso.
Vós sois o meu refúgio.
Não se diz o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor
nosso Deus, concedei-nos a graça
de
viver com alegria o mesmo espírito de caridade
que
levou o vosso Filho a entregar-Se à morte
pela
salvação dos homens.
Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que
é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I – Ez 37,
12-14
“Infundirei
em vós o meu espírito e revivereis”
Depois de ter passado diante
dos olhos, nos domingos anteriores, a história da salvação, no Antigo
Testamento, através de alguns momentos mais significativos dessa história,
chegamos hoje aos profetas. Eles são os homens que nos ensinam a interiorizar
essa história e a apreender-lhe o sentido profundo. Toda ela se encaminha para
Jesus Cristo, para a sua Ressurreição, que hoje é anunciada no Evangelho com a
ressurreição de Lázaro. Por meio do profeta, Deus promete-nos o seu Espírito,
que é em nós o princípio e a fonte da Ressurreição.
Leitura da
Profecia de Ezequiel
“Assim fala o
Senhor Deus: «Vou abrir os vossos túmulos e deles vos farei ressuscitar, ó meu
povo, para vos reconduzir à terra de Israel. Haveis de reconhecer que Eu sou o
Senhor, quando abrir os vossos túmulos e deles vos fizer ressuscitar, ó meu
povo. Infundirei em vós o meu espírito e revivereis. Hei-de fixar-vos na vossa
terra e reconhecereis que Eu, o Senhor, digo e faço».”
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL – Salmo
129 (130),1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R. 7)
Refrão: No Senhor está a
misericórdia e abundante redenção. (Repete-se)
Ou:
No Senhor está a
misericórdia, no Senhor está a plenitude da redenção. (Repete-se)
Do profundo abismo chamo por
Vós, Senhor,
Senhor, escutai a minha voz.
Estejam os vossos ouvidos
atentos
à voz da minha súplica. (Refrão)
Se
tiverdes em conta as nossas faltas,
Senhor,
quem poderá salvar-se?
Mas
em Vós está o perdão,
para
Vos servirmos com reverência. (Refrão)
Eu
confio no Senhor,
a minha
alma espera na sua palavra.
A
minha alma espera pelo Senhor
mais
do que as sentinelas pela aurora. (Refrão)
Porque
no Senhor está a misericórdia
e
com Ele abundante redenção.
Ele
há-de libertar Israel
de
todas as suas faltas. (Refrão)
LEITURA II – Rom 8, 8-11
“O
Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós”
O
Espírito de Deus é Quem dá a vida. Foi pelo Espírito de Deus que Jesus
ressuscitou; é pelo Espírito que Deus nos dá a sua vida e nos ressuscita com
Jesus, seu Filho. Mas para isso é preciso que o Espírito de Deus habite em nós.
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
“Irmãos: Os
que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós não estais sob o
domínio da carne, mas do Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós.
Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não Lhe pertence. Se Cristo está
em vós, embora o vosso corpo seja mortal por causa do pecado, o espírito
permanece vivo por causa da justiça. E se o Espírito d’Aquele que ressuscitou
Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de
entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito
que habita em vós.”
Palavra do Senhor
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO
– Jo 11, 25a.26
Refrão: Louvor e Glória a Vós, Jesus Cristo, Senhor. (Repete-se)
Eu
sou a ressurreição e a vida, diz o Senhor.
Quem
acredita em Mim nunca morrerá. (Refrão)
EVANGELHO – Jo 11, 1-45
“Eu sou a ressurreição e a vida”
A
ressurreição de Lázaro é a terceira das três leituras evangélicas especialmente
importantes na caminhada quaresmal. Catecúmenos e fiéis preparam-se para
celebrar o Mistério da Páscoa, da Morte e Ressurreição do Senhor, e assim nelas
participar. A Vida está em Deus, e vem a nós em seu Filho, Jesus Cristo. Ele é
a Vida. Jesus morreu por nós; nós morreremos n’Ele e com Ele. Mas Jesus passou
da Morte à Vida; ressuscitou. Ele próprio é a Ressurreição. N’Ele e com Ele nós
ressuscitamos. É a grande mensagem desta leitura, que nos coloca assim na
perspectiva pascal.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
“Naquele
tempo, estava doente certo homem, Lázaro de Betânia, aldeia de Marta e de
Maria, sua irmã. Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com perfume e Lhe
tinha enxugado os pés com os cabelos. Era seu irmão Lázaro que estava doente.
As irmãs mandaram então dizer a Jesus: «Senhor, o teu amigo está doente».
Ouvindo isto, Jesus disse: «Essa doença não é mortal, mas é para a glória de
Deus, para que por ela seja glorificado o Filho do homem». Jesus era amigo de
Marta, de sua irmã e de Lázaro. Entretanto, depois de ouvir dizer que ele
estava doente, ficou ainda dois dias no local onde Se encontrava. Depois disse
aos discípulos: «Vamos de novo para a Judeia». Os discípulos disseram-Lhe:
«Mestre, ainda há pouco os judeus procuravam apedrejar-Te e voltas para lá?».
Jesus respondeu: «Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não
tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas, se andar de noite, tropeça, porque
não tem luz consigo». Dito isto, acrescentou: «O nosso amigo Lázaro dorme, mas
Eu vou despertá-lo». Disseram então os discípulos: «Senhor, se dorme, estará
salvo». Jesus referia-se à morte de Lázaro, mas eles entenderam que falava do
sono natural. Disse-lhes então Jesus abertamente: «Lázaro morreu; por vossa
causa, alegro-Me de não ter estado lá, para que acrediteis. Mas, vamos ter com
ele». Tomé, chamado Dídimo, disse aos companheiros: «Vamos nós também, para
morrermos com Ele». Ao chegar, Jesus encontrou o amigo sepultado havia quatro
dias. Betânia distava de Jerusalém cerca de três quilómetros. Muitos judeus
tinham ido visitar Marta e Maria, para lhes apresentar condolências pela morte
do irmão. Quando ouviu dizer que Jesus estava a chegar, Marta saiu ao seu
encontro, enquanto Maria ficou sentada em casa. Marta disse a Jesus: «Senhor,
se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora,
tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá». Disse-lhe Jesus: «Teu irmão
ressuscitará». Marta respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição
do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita
em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em
Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que
Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo». Dito isto,
retirou-se e foi chamar Maria, a quem disse em segredo: «O Mestre está ali e
manda-te chamar». Logo que ouviu isto, Maria levantou-se e foi ter com Jesus.
Jesus ainda não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar em que Marta viera
ao seu encontro. Então os judeus que estavam com Maria em casa para lhe
apresentar condolências, ao verem-na levantar-se e sair rapidamente,
seguiram-na, pensando que se dirigia ao túmulo para chorar. Quando chegou aonde
estava Jesus, Maria, logo que O viu, caiu-Lhe aos pés e disse-Lhe: «Senhor, se
tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido». Jesus, ao vê-la chorar, e
vendo chorar também os judeus que vinham com ela, comoveu-Se profundamente e
perturbou-Se. Depois perguntou: «Onde o pusestes?». Responderam-Lhe: «Vem ver,
Senhor». E Jesus chorou. Diziam então os judeus: «Vede como era seu amigo». Mas
alguns deles observaram: «Então Ele, que abriu os olhos ao cego, não podia
também ter feito que este homem não morresse?». Entretanto, Jesus, intimamente
comovido, chegou ao túmulo. Era uma gruta, com uma pedra posta à entrada. Disse
Jesus: «Tirai a pedra». Respondeu Marta, irmã do morto: «Já cheira mal, Senhor,
pois morreu há quatro dias». Disse Jesus: «Eu não te disse que, se
acreditasses, verias a glória de Deus?». Tiraram então a pedra. Jesus,
levantando os olhos ao Céu, disse: «Pai, dou-Te graças por Me teres ouvido. Eu
bem sei que sempre Me ouves, mas falei assim por causa da multidão que nos
cerca, para acreditarem que Tu Me enviaste». Dito isto, bradou com voz forte:
«Lázaro, sai para fora». O morto saiu, de mãos e pés enfaixados com ligaduras e
o rosto envolvido num sudário. Disse-lhes Jesus: «Desligai-o e deixai-o ir».
Então muitos judeus, que tinham ido visitar Maria, ao verem o que Jesus fizera,
acreditaram n’Ele.”
Palavra da Salvação
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ouvi-nos,
Senhor Deus omnipotente,
e,
pela virtude deste sacrifício,
purificai
os vossos servos
que
iluminastes com os ensinamentos da fé.
Jesus Cristo, vosso Filho, que
é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO
Quando se lê o Evangelho de Lázaro: Jo 11, 26
Aquele que vive e crê em Mim
não morrerá para sempre, diz o Senhor.
Quando se lê o Evangelho de Lázaro: Jo 11, 26
Aquele que vive e crê em Mim
não morrerá para sempre, diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus omnipotente,
concedei-nos a graça
de sermos sempre contados
entre os membros de Cristo,
nós que comungámos o seu
Corpo e Sangue.
Ele que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
Sem comentários:
Enviar um comentário