sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

LITURGIA DA PALAVRA – EPIFANIA




(Domingo da Epifania do Senhor, 4 de Janeiro de 2015)


Viemos do Oriente adorar o Rei

LEITURA I – Is 60, 1-6

Brilha sobre ti a glória do Senhor

Como uma cidade, construída sobre um monte, atrai o olhar de todos, ao ser iluminada pelo sol nascente, assim Jerusalém, iluminada pelo Nascimento de Jesus, atrai a si todos os povos, mergulhados na noite do pecado.
Será, porém, na Igreja, nova Jerusalém, que Deus reunirá todos os homens, para lhes dar a salvação. Será n’Ela que se constituirá, definitivamente, a comunidade dos povos. «A luz dos povos é Cristo – Mas a Sua luz resplandece no rosto da Sua Igreja» (LG. n.º 1). Ela é, na verdade, o sinal e o instrumento de união com Deus e de unidade de todo o género humano.

Leitura do Livro de Ben-Sirá
1Levanta-te e resplandece, Jerusalém, que está a chegar a tua luz![1]
A glória do SENHOR amanhece sobre ti!
2Olha: as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos, mas sobre ti amanhecerá o SENHOR. A sua glória vai aparecer sobre ti.
3As nações caminharão à tua luz, e os reis ao esplendor da tua aurora.
4Levanta os olhos e vê à tua volta: todos esses se reuniram para vir ao teu encontro. Os teus filhos chegam de longe, e as tuas filhas são transportadas nos braços.
5Quando vires isto, ficarás radiante de alegria; o teu coração palpitará e se dilatará, porque para ti afluirão as riquezas do mar, e a ti virão os tesouros das nações.
6Serás invadida por uma multidão de camelos, pelos dromedários de Madian e de Efá. De Sabá virão todos trazendo ouro e incenso, e proclamando os louvores do SENHOR.”

LEITURA II – Ef 3, 2-3a.5-6

Os gentios recebem a mesma herança prometida

O universalismo de Isaías era um pouco limitado; os estrangeiros não estavam em posição de igualdade com os filhos de Israel. S. Paulo, descrevendo o plano salvífico de Deus, proclama que todos os homens são chamados, igualmente, a ser herdeiros da Promessa.
Como consequência deste chamamento universal para a Fé, toda a separação, toda a discriminação, introduzidas na humanidade por culturas e civilizações, desaparecem. Todos são chamados a formar o verdadeiro Israel e a constituir um só Corpo – o Corpo Místico de Cristo – restabelecendo-se assim o plano primitivo de Deus acerca da humanidade, que era um projecto de unidade e amor.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
2Com certeza, ouvistes falar da graça de Deus que me foi dada para vosso benefício, a fim de realizar o seu plano: 3*que, por revelação[2], me foi dado conhecer o mistério. 5*que, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, em gerações passadas, como agora foi revelado aos seus santos Apóstolos e Profetas, no Espírito: 6os gentios são admitidos à mesma herança, membros do mesmo Corpo e participantes da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.”

EVANGELHO – Mt 2, 1-12

Viemos do Oriente adorar o Rei

Frente ao mistério do Nascimento de Jesus, S. Mateus procura, sobretudo, contemplá-Lo à Luz do primeiro encontro do mundo pagão com o Salvador, de que os magos são as primícias e os representantes. Sublinhando, de modo expressivo, a universalidade da Mensagem cristã, dirigida a todos os homens, mesmo àqueles que, segundo as concepções estreitas do Judaísmo, viviam fora da Geografia e da História da Salvação, o evangelista mostra como na visita dos Magos, se realizam as profecias do A. T.
Não deixa também de o impressionar, em contraste com o orgulho e cegueira de Herodes e dos sábios de Israel, a boa vontade dos Magos, que, atentos aos sinais dos Tempos, se dispõem a correr a aventura da Fé.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
1Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes[3], chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. 2*E perguntaram: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.» 3Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele. 4E, reunindo todos os sumos-sacerdotes[4] e escribas do povo, perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. 5Eles responderam: «Em Belém da Judeia, pois assim foi escrito pelo profeta:
6E tu, Belém[5], terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades da Judeia; porque de ti vai sair o Príncipe que há-de apascentar o meu povo de Israel.»
7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e pediu-lhes informações exactas sobre a data em que a estrela lhes tinha aparecido. 8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: «Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do menino; e, depois de o encontrardes, vinde comunicar-mo para eu ir também prestar-lhe homenagem.» 9Depois de ter ouvido o rei, os magos puseram-se a caminho. E a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino, parou. 10Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; 11e, entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra[6]. 12Avisados em sonhos para não voltarem junto de Herodes, regressaram ao seu país por outro caminho.”





[1] A Igreja utiliza estes versículos na 1ª leitura da festa da Epifania, por causa do seu simbolismo universalista.
[2] Por revelação: v.9; 2 Cor 12,1-4; Gl 1,12; Ap 1,1-2. O Mistério, ou seja, o projecto de salvação de Deus (1,9). É o plano salvífico de Deus de restaurar tudo em Cristo. É o seu segredo, guardado desde toda a eternidade e manifestado a Paulo por uma revelação (v.2-3). Paulo tem consciência de ser o pregoeiro do Mistério de Cristo, a meta da História e da Criação.
[3] Herodes, o Grande, nasceu cerca de 73 a.C. Filho de Antipater, foi adquirindo cada vez mais poder na Galileia e na Judeia, a partir do ano 47. Político hábil, grande construtor e governador cruel, aliou-se ao partido dos fariseus e aos romanos, de quem recebeu benesses. Morreu no ano 4 a.C., podendo fixar-se o nascimento de Jesus dois anos antes (Lc 1,5; 2,1-2; 3,1-2). Pondo o rei Herodes em relação com Jesus, Mt salienta o quadro histórico do evento e anuncia o conflito que irá opor o verdadeiro rei e salvador do povo às autoridades. Magos. Aqui pode designar astrólogos babilónicos, conhecedores do messianismo hebraico. O título de reis, o número três e os seus nomes próprios são devidos a uma tradição extra-evangélica. Com tal episódio, Mt mostra como os pagãos, representados pelos Magos, adoram aquele que as autoridades do povo rejeitam (Lc 2,4-7).
[4] Os sumos-sacerdotes e escribas, também chamados "doutores da Lei", são os responsáveis pela vida religiosa do povo. Os dois grupos aparecerão reunidos outra vez contra Jesus, quando Ele entrar solenemente em Jerusalém (21,15). Mt associa mais vezes os sumos-sacerdotes aos anciãos, para indicar os chefes do povo como responsáveis pelo drama da rejeição de Jesus (26,3.47; 27,1).
[5] A citação de Mq 5,1-2 não corresponde exactamente ao texto do AT, hebreu ou grego. Mediante uma combinação com a de 2 Sm 5,2, pela qual os conselheiros de Herodes se referem a uma profecia sobre Belém, Mt sublinha a importância da cidade (Gn 35,19-20; Mq 5,1-3; Lc 2,4).
[6] Ouro, incenso e mirra. Ligados tradicionalmente à Arábia, estes bens significavam as dádivas de todos os povos ao Messias esperado (Sl 72,10.11.15; Is 60,6). A Igreja viu nesses dons símbolos da realeza, da divindade e da humanidade sofredora de Cristo.

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