(Domingo da Epifania
do Senhor, 4 de Janeiro de 2015)
“Viemos do Oriente adorar o Rei”
LEITURA I – Is 60,
1-6
“Brilha sobre ti a glória do Senhor”
Como uma cidade, construída sobre um monte, atrai o olhar de
todos, ao ser iluminada pelo sol nascente, assim Jerusalém, iluminada pelo
Nascimento de Jesus, atrai a si todos os povos, mergulhados na noite do pecado.
Será, porém, na Igreja, nova Jerusalém, que Deus reunirá
todos os homens, para lhes dar a salvação. Será n’Ela que se constituirá,
definitivamente, a comunidade dos povos. «A luz dos povos é Cristo – Mas a Sua
luz resplandece no rosto da Sua Igreja» (LG. n.º 1). Ela é, na verdade, o sinal
e o instrumento de união com Deus e de unidade de todo o género humano.
Leitura do Livro de
Ben-Sirá
A glória do SENHOR
amanhece sobre ti!
2Olha: as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos, mas sobre ti
amanhecerá o SENHOR. A sua glória vai aparecer sobre ti.
3As nações caminharão à tua luz, e os reis ao esplendor da tua aurora.
4Levanta os olhos e vê à tua volta: todos esses se reuniram para vir ao
teu encontro. Os teus filhos chegam de longe, e as tuas filhas são
transportadas nos braços.
5Quando vires isto, ficarás radiante de alegria; o teu coração palpitará e
se dilatará, porque para ti afluirão as riquezas do mar, e a ti virão os
tesouros das nações.
6Serás invadida por uma multidão de camelos, pelos dromedários de Madian e
de Efá. De Sabá virão todos trazendo ouro e incenso, e proclamando os louvores
do SENHOR.”
LEITURA II – Ef 3,
2-3a.5-6
“Os gentios recebem a mesma herança prometida”
O universalismo de Isaías era um pouco limitado; os
estrangeiros não estavam em posição de igualdade com os filhos de Israel. S.
Paulo, descrevendo o plano salvífico de Deus, proclama que todos os homens são
chamados, igualmente, a ser herdeiros da Promessa.
Como consequência deste chamamento universal para a Fé, toda
a separação, toda a discriminação, introduzidas na humanidade por culturas e civilizações,
desaparecem. Todos são chamados a formar o verdadeiro Israel e a constituir um
só Corpo – o Corpo Místico de Cristo – restabelecendo-se assim o plano
primitivo de Deus acerca da humanidade, que era um projecto de unidade e amor.
Leitura da Epístola do
apóstolo São Paulo aos Efésios
“2Com
certeza, ouvistes falar da graça de Deus que me foi dada para vosso benefício,
a fim de realizar o seu plano: 3*que, por revelação[2], me foi dado conhecer o mistério. 5*que, não foi dado a
conhecer aos filhos dos homens, em gerações passadas, como agora foi revelado
aos seus santos Apóstolos e Profetas, no Espírito: 6os gentios são
admitidos à mesma herança, membros do mesmo Corpo e participantes da mesma
promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.”
EVANGELHO – Mt 2,
1-12
“Viemos do Oriente adorar o Rei”
Frente ao mistério do Nascimento de Jesus, S. Mateus
procura, sobretudo, contemplá-Lo à Luz do primeiro encontro do mundo pagão com
o Salvador, de que os magos são as primícias e os representantes. Sublinhando,
de modo expressivo, a universalidade da Mensagem cristã, dirigida a todos os
homens, mesmo àqueles que, segundo as concepções estreitas do Judaísmo, viviam
fora da Geografia e da História da Salvação, o evangelista mostra como na
visita dos Magos, se realizam as profecias do A. T.
Não deixa também de o impressionar, em contraste com o
orgulho e cegueira de Herodes e dos sábios de Israel, a boa vontade dos Magos,
que, atentos aos sinais dos Tempos, se dispõem a correr a aventura da Fé.
Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
“1Tendo
Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes[3], chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. 2*E
perguntaram: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua
estrela no Oriente e viemos adorá-lo.» 3Ao ouvir tal notícia, o rei
Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele. 4E, reunindo todos
os sumos-sacerdotes[4]
e escribas do povo, perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. 5Eles
responderam: «Em Belém da Judeia, pois assim foi escrito pelo profeta:
6E tu, Belém[5], terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades da
Judeia; porque de ti vai sair o Príncipe que há-de apascentar o meu povo de
Israel.»
7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e pediu-lhes
informações exactas sobre a data em que a estrela lhes tinha aparecido. 8E,
enviando-os a Belém, disse-lhes: «Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do
menino; e, depois de o encontrardes, vinde comunicar-mo para eu ir também
prestar-lhe homenagem.» 9Depois de ter ouvido o rei, os magos puseram-se
a caminho. E a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que,
chegando ao lugar onde estava o menino, parou. 10Ao ver a estrela,
sentiram imensa alegria; 11e, entrando na casa, viram o menino com
Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres,
ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra[6]. 12Avisados em sonhos para não voltarem junto de Herodes,
regressaram ao seu país por outro caminho.”
[1]
A Igreja utiliza estes versículos na 1ª leitura da festa da Epifania, por causa
do seu simbolismo universalista.
[2]
Por revelação: v.9; 2 Cor 12,1-4; Gl 1,12; Ap 1,1-2. O Mistério, ou seja, o
projecto de salvação de Deus (1,9). É o plano salvífico de Deus de restaurar
tudo em Cristo. É o seu segredo, guardado desde toda a eternidade e manifestado
a Paulo por uma revelação (v.2-3). Paulo tem consciência de ser o pregoeiro do
Mistério de Cristo, a meta da História e da Criação.
[3]
Herodes, o Grande, nasceu cerca de 73 a.C. Filho de Antipater, foi adquirindo
cada vez mais poder na Galileia e na Judeia, a partir do ano 47. Político
hábil, grande construtor e governador cruel, aliou-se ao partido dos fariseus e
aos romanos, de quem recebeu benesses. Morreu no ano 4 a.C., podendo fixar-se o
nascimento de Jesus dois anos antes (Lc 1,5; 2,1-2; 3,1-2). Pondo o rei Herodes
em relação com Jesus, Mt salienta o quadro histórico do evento e anuncia o
conflito que irá opor o verdadeiro rei e salvador do povo às autoridades.
Magos. Aqui pode designar astrólogos babilónicos, conhecedores do messianismo
hebraico. O título de reis, o número três e os seus nomes próprios são devidos
a uma tradição extra-evangélica. Com tal episódio, Mt mostra como os pagãos,
representados pelos Magos, adoram aquele que as autoridades do povo rejeitam
(Lc 2,4-7).
[4]
Os sumos-sacerdotes e escribas, também chamados "doutores da Lei",
são os responsáveis pela vida religiosa do povo. Os dois grupos aparecerão
reunidos outra vez contra Jesus, quando Ele entrar solenemente em Jerusalém
(21,15). Mt associa mais vezes os sumos-sacerdotes aos anciãos, para indicar os
chefes do povo como responsáveis pelo drama da rejeição de Jesus (26,3.47;
27,1).
[5]
A citação de Mq 5,1-2 não corresponde exactamente ao texto do AT, hebreu ou
grego. Mediante uma combinação com a de 2 Sm 5,2, pela qual os conselheiros de
Herodes se referem a uma profecia sobre Belém, Mt sublinha a importância da
cidade (Gn 35,19-20; Mq 5,1-3; Lc 2,4).
[6]
Ouro, incenso e mirra. Ligados tradicionalmente à Arábia, estes bens
significavam as dádivas de todos os povos ao Messias esperado (Sl 72,10.11.15;
Is 60,6). A Igreja viu nesses dons símbolos da realeza, da divindade e da
humanidade sofredora de Cristo.
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